Colômbia: Farc e governo iniciam diálogo pela paz
Após quase 50 anos de conflito armado envolvendo a guerrilha mais antiga das Américas, a Colômbia pode estar perto da paz. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo de Juan Manuel Santos instauraram, no dia 18 de outubro, a Mesa de Diálogo para “conquistar uma paz democrática e justa”.
Publicado 28/12/2012 09:10
Como garantia de que este processo não terá o mesmo desfecho que o massacre de Caguán, Noruega, Cuba, Chile e Venezuela atuam como intermediadores das conversas. “Confiamos nos diálogos de Caguán e quando as conversas terminaram o inimigo, que havia se preparado para a guerra, investiu com muita força”, declarou o líder guerrilheiro e um dos fundadores das Farc, Miguel Angel Pascuas, em entrevista concedida ao portal Rebelión.
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Em abril, a guerrilha anunciou o fim da prática de sequestros e, com a ajuda do Brasil, libertou, unilateralmente, os últimos dez militares que estavam em seu poder. A medida não foi acompanhada de nenhuma sinalização do governo em ceder com relação às agressões. Ao contrário, o presidente Juan Manuel Santos intensificou as ações contra as Farc.
Em outubro, o mandatário colombiano revelou que há seis meses mantinha conversações com a guerrilha para chegar a um acordo e negociar a saída pacífica. A medida foi duramente criticada pelo ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, que rompeu com Santos e chegou a declarar que a negociação era um “duro golpe à democracia”. A visão não é compartilhada pela sociedade colombiana: 80% da população apoiam o processo.
O diálogo teve início em Oslo, na Noruega, quando foram definidos os termos e a agenda das negociações. O primeiro ponto a ser tratado é a questão do desenvolvimento agrário. Desde o dia 15 de novembro, em Havana, Cuba, as partes discutem as soluções para a correção da desigualdade da posse da terra colombiana.
O que se coloca agora é a necessidade de envolver a população nos debates travados. A guerrilha defende a participação popular e foi criado um site, com o objetivo de receber as contribuições da sociedade no processo que não tem data para terminar. Apesar disso, o presidente colombiano afirmou que, “se houver vontade, poderemos celebrar o próximo Natal [2013] em paz e com o conflito concluído”.
Da Redação do Vermelho