ONU: Vitória palestina sela um ano de poucos avanços

O histórico rendimento da Palestina como Estado observador das Nações Unidas selou um ano marcado por agudos conflitos da Síria até o Mali e o Congo Democrático e nulos avanços em assuntos chave como a reforma do Conselho de Segurança.

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No dia 29 de novembro o órgão máximo da ONU reconheceu a Palestina como Estado observador nas Nações Unidas por uma significativa maioria de 138 votos dos 193 países integrantes da organização mundial e 41 abstenções. Na contramão ficaram apenas nove nomes: Estados Unidos, Israel, Canadá, Panamá, Palau, Ilhas Marshall, República Checa, Micronésia e Nauru.

Pouco antes, o presidente palestino havia declarado ante o plenário da ONU que "não aceitaremos menos que a independência do Estado de Palestina, com Jerusalém oriental como capital e todos os territórios palestinos ocupados em 1967, para viver em paz e segurança junto ao Estado de Israel".

A questão do Oriente Médio voltou a ser uma constante durante 2012 com a paralisação das negociações de paz desde outubro de 2010, a continuação dos assentamentos ilegais israelenses nos territórios ocupados e a agressão militar de Israel contra a Faixa de Gaza em novembro.

Essa deterioração do conflito provocou uma onda de críticas contra a ineficácia do chamado Quarteto para a região, integrado pelos Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas.

Outro ponto permanente na agenda do ano foi a crise na Síria e a já aberta e admitida, pelas nações imperialistas, ação de elementos terroristas entre as forças que procuram, com apoio estrangeiro, derrubar o governo do presidente, Bashar al-Assad. 2012 termina com novos esforços realizados pela Rússia para alcançar um arranjo com base no que já havia sido acordado, em junho, em Genebra pelo chamado Grupo de Ação para a Síria, quando foi proposta a criação de um corpo de transição com plenos poderes executivos e integrado por membros do atual governo e representantes da oposição e de outros atores.

Sucessão de crises

Como em anos anteriores, em 2012 os temas relacionados com a África voltaram a ocupar os pontos mais candentes da agenda da ONU. Entre eles, a situação no norte do Mali e suas consequências na região do Sahel em matéria humanitária, a crise na República Democrática do Congo com o avanço do rebelde Movimento 23 de Março, e a situação na Somália. É preciso citar também o golpe de Estado ocorrido em abril, na Guiné Bissau, as tensões entre Sudão e Sudão do Sul, os casos das regiões sudanesas de Darfur e Abyei e a paralização das negociações para a autodeterminação do Saara Ocidental.

Outros momentos que marcaram a atividade da ONU foram a Cúpula do Rio de Janeiro sobre Desenvolvimento Sustentável e a conferência de Doha sobre mudança climática, ambas com resultados abaixo do esperado.

Não ocorreram progressos substanciais também nas questões do desarmamento, exceto pela proposta de Cuba, apoiada pelos Países Não Alinhados, de realizar em setembro de 2013 uma reunião de alto nível da Assembleia Geral sobre o desarmamento nuclear. No fim de 2012, Estados Unidos, Rússia e Reino Unido decidiram adiar uma conferência internacional sobre uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio que estava convocada para este mês de dezembro.

Uns dos poucos assuntos que deram um fôlego renovador à ONU nos últimos 12 meses foram a luta contra a violência contra as mulheres e as crianças e o chamado empoderamento desse conglomerado populacional e as reivindicações pelo reconhecimento dos direitos dos povos indígenas. Repetiu-se também a condenação, pela Assembleia Geral, do bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba; a Argentina foi eleita para o Conselho de Segurança e a Venezuela para o Conselho de Direitos Humanos.

Enquanto isso, o forte clamor pela reforma da ONU e de seu Conselho de Segurança continuou, mas, da mesma forma que nas últimas duas décadas, nãp passou disso: uma demanda sem respostas na prática.

Com imformações da Prensa Latina