Luciano se despede da Assembleia com poesia e emoção

“Hoje bastaria um aperto de mão, um abraço de despedida desta Casa, sem que necessariamente precisasse vir à tribuna. Mas, eu teria de vir à tribuna, primeiro para agradecer, ao presidente Guilherme Uchoa, aos integrantes da Mesa da Casa, a todos os deputados e todas as deputadas com quem convivi durante quase dois anos, agradecer aos funcionários da Assembleia, ao pessoal administrativo das diversas áreas e, sobretudo, agradecer pela convivência democrática, solidária, mutuamente respeitosa que pude ter nesse tempo com todos os deputados e todas as deputadas que aqui representam o povo de Pernambuco”, afirmou Luciano ao iniciar seu discurso.

Convicção na luta

Em um discurso aparteado por 16 parlamentares de diversas legendas, a começar pelo presidente da Casa, deputado Guilherme Uchoa (PDT), Luciano registrou ainda sua gratidão, bem como sua convicção de dever cumprido no exercício do mandato de deputado estadual e como militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

“Nesse curto tempo de convivência nesta Casa, interrompido prematuramente em razão da nova missão que me conferiu o povo do Recife de vice-prefeito, acompanhando o prefeito eleito Geraldo Julio, daqui saio com a convicção de que pude cumprir o meu dever. Meu dever militante de honrar os compromissos assumidos para com o povo de Pernambuco, meu dever militante de seguir a orientação do meu partido, meu dever de militante, pela orientação do partido, de aqui trabalhar para agregar, para unir, para estimular o debate democrático, para buscar convergência de ideias e de propósitos e para aprender com a experiência de cada um e de cada uma que aqui representa o povo de Pernambuco”, afirmou.

Luciano destacou também o entendimento de que o Poder Legislativo merece o respeito da sociedade. Ele lembrou o tratamento que recebeu da Casa e de seus pares em seus dois anos de mandato. “Jamais sofri aqui nenhum tipo de constrangimento ou enfrentei qualquer obstáculo ao exercício do meu mandato nos termos em que me propus: um pé na Assembléia, um pé na rua. Aqui, nas comissões técnicas, nas audiências públicas, no debate em plenário, na rua em estreita relação com os movimentos sociais, com a sociedade, trazendo para a Casa os reflexos da minha participação no movimento social, no debate em outras instâncias da sociedade pernambucana, sempre encontrei a melhor guarida”.

Diálogo com todos e com cada um

O futuro vice-prefeito do Recife destacou ainda contribuição da Casa para o enriquecimento de sua compreensão da realidade do Estado, especificamente da realidade política. “Isso foi possível graças à oportunidade de ouvir a todos, nas conversas no plenário, no ambiente que chamamos de “buraco frio”, no diálogo com cada um”.

Parafraseando o apóstolo Paulo, na carta aos coríntios, “Nós nos pertencemos uns aos outros”, e Dom Hélder Câmara, “Se tu diferes de mim, tu me enriqueces”, Luciano afirmou que “exatamente essa pluralidade, essa heterogeneidade de visões de mundo, essa representação do povo pernambucano que aqui se assenta nesta Casa é que enriquece cada um de nós e favorece nosso aprendizado através do diálogo”.

Homenagem ao PCdoB

Luciano dedicou ainda um momento de seu discurso de despedida para homenagear seu partido, o PCdoB. “Há 40 anos eu sou militante do Partido Comunista do Brasil. Desde a época dura da clandestinidade. E me permitam em homenagem não só ao meu partido, mas aos partidos que aqui são representados pelos senhores e senhoras deputados e deputadas ler aqui o poema A meu partido, de Adalberto Monteiro inspirado em um poema de Pablo Neruda.

A Meu Partido

Adalberto Monteiro (variação de um poema de Pablo Neruda)

Fora de ti, embora que ardente,
embora que fogo,
eu seria uma frágil fagulha,
um doce alimento do vento.
Em ti continuo a ser fagulha
mas integrante das chamas,
das labaredas
que escuridão e lama
nenhuma conseguirão deter.

Fora de ti,
sou um "indivíduo …
nada mais".
Em ti,
continuo sendo um pigmento
mas um pigmento rubro
da vermelha aurora
que o sol hasteia
a cada manhã.

Fora de ti,
sou homem frágil
atirado ao mar;
lá já estive
e me lembro o que eu era:
um homem com punhos cortados
e a alma ferida;
não que eu não amasse, sempre amei,
não que eu não guerreasse,
sempre na guerra estive.

É que sozinho
eu me julgava
um guerreiro de uma guerra
já perdida,
um cavaleiro de um princesa
já sem vida.
Sozinho, muitas vezes às cegas
eu vagava,
e os meus olhos
eram só sal e água.

Sozinho, eu me sentia
uma caça miúda com a qual
o inimigo se divertia.

Contigo, estou em toda parte,
sou muita gente,
tenho muitos nomes:
sou greve, sou tocaia,
sou guerrilha
sou beijo
sou canção.

Contigo,
aprendi que o futuro
não é uma toalha de renda
bordada
pelas mãos divinas.

O futuro
– ensinaste-me –
nossas mãos unidas
vão arrancando,
vão talhando,
esculpindo, polindo,
na rocha bruta,
áspera
adversa
do presente.

Luciano comparecerá às sessões plenárias da Assembléia Legislativa de Pernambuco até a próxima quinta-feira (20), quando se inicia o período de recesso de fim de ano da atual legislatura. Geraldo Julio e Luciano tomam posse na Prefeitura do Recife no dia 1º de janeiro de 2013.

Fonte: Assessoria do deputado federal Luciano Siqueira (PCdoB/PE)