Receita mostra que 20 clubes brasileiros crescem em ritmo chinês
O futebol brasileiro se tornou uma indústria bilionária que cresce em ritmo chinês. Dados inéditos da Receita Federal mostram que os 20 times da série A de 2012 faturaram, entre 2006 e 2010, mais de R$ 7 bilhões, em valores atualizados.
Publicado 08/12/2012 11:44
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O pico de faturamento é também o ano mais recente, o que mostra o aquecimento nas contas dos clubes.
Juntos, os 20 times ganharam em 2010, último ano disponível dos dado, quase R$ 1,7 bilhão, média de R$ 84 milhão por clube.
Em 2006, por exemplo, cada uma das 20 equipes que jogaram a série A de 2012 colocou em caixa, na média, R$ 53 milhões, crescimento real de 63% em cinco anos, ritmo digno de economia chinesa.
Se a elite do futebol fosse uma empresa, a Série A estaria entre as 30 maiores empresas de varejo do país.
O ranking é produzido pelo Instituto Brasileiro dos Executivos do Varejo.
Esse cenário da elite de futebol, de forte crescimento e alto faturamento, só não é perfeito em razão de uma pedra no sapato dos cartolas brasileiros: o alto endividamento (veja texto abaixo).
Os números sobre o faturamento da elite do futebol são oficiais, levantados pela Receita a partir das declarações enviadas pelos 20 times. Como em toda declaração, os dados podem mudar, ou porque o contribuinte fez alterações, ou porque os auditores apuraram inconsistências.
Otimismo
As projeções para os próximos anos são otimistas. Cartolas, empresários e governo esperam um boom de arrecadação com a Copa do Mundo de 2014.
Novas receitas são esperadas com as 12 arenas do Mundial, além dos novos estádios do Palmeiras e do Grêmio.
Esses 14 estádios usarão o novo conceito de arena multiuso para tentar fazer mais dinheiro sem depender do desempenho nos gramados.
Um exemplo é o estádio Morumbi, que o São Paulo aluga por até R$ 1 milhão para a realização de shows.
Soma-se a isso o repasse estimado em R$ 1 bilhão em 2012 somente pelos direitos televisivos.
Paulistas
Dos 20 times da Série A 2012, 12 se concentram na região Sudeste, ou 40%. Mas, de acordo com os dados da Receita, a concentração de dinheiro nessa região é ainda maior. Dos R$ 1,7 bilhão faturados em 2010, 75% ficaram com clubes do Sudeste.
Pelos números da Receita, pode-se dizer que a indústria do futebol brasileiro é predominantemente paulista.
Se o Sudeste faturou R$ 5,2 bilhões em cinco anos, só os paulistas ficaram com R$ 3,5 bilhões (67%) dessa fortuna.
Ou seja, metade da arrecadação da Série A.
Não há dados discriminados por times, o que configuraria quebra de sigilo.
No período levantado, de 2006 a 2010, todos os títulos foram conquistados por times do eixo Rio-São Paulo.
Fonte: Folha de S.Paulo