Cúpula Social do Mercosul discute papel da juventude
Atualmente, mais de 70 milhões de jovens entre 15 e 29 anos vivem nos países do Mercosul. A mobilização da juventude tem possibilitado o elo entre as gerações na construção de uma América do Sul mais igualitária, democrática e justa? Esta é uma das discussões centrais da Cúpula Social do Mercosul, que dedica debate temático especial para as juventudes nesta quarta-feira (5), às 19h, com transmissão ao vivo via web.
Publicado 05/12/2012 15:23
Saiba o que esperar na entrevista com Severine Macedo, Secretária Nacional de Juventude do Brasil concedida à organização do evento.
Cúpula Social do Mercosul: O que podemos esperar do debate temático especial sobre Juventude na Cúpula Social do Mercosul?
Severino Macedo: Estamos fazendo um esforço muito grande pra que essa mesa reflita os desafios das juventudes do Mercosul. Como discutir o fortalecimento dessa integração no bloco, mas sem deixar de debater a importância de fortalecer a participação da juventude em outros espaços? Traremos gente para discutir também a criação de um fórum permanente de juventude nas Nações Unidas e a implementação do Estatuto da Cidadania. Vamos abrir espaço para que a juventude possa opinar e discutir os temas gerais que estão colocados na mesa. Não estamos isolados. Precisamos reforçar a pauta específica de juventude, mas precisamos ter condições para incidir também nas pautas gerais, inclusive para que elas reflitam melhor a condição juvenil. Acredito na cúpula como espaço de convergência. Vamos meter o bedelho no melhor sentido.
Cúpula Social do Mercosul: Como aprofundar esta integração?
SM: Estamos discutindo muito a atualização dos mecanismos de participação. No Brasil, temos os conselhos, as conferências, as audiências e as consultas. Muitas resoluções e propostas desses espaços têm sido incorporadas, mas nem todas na medida que a gente gostaria. Então qual a eficácia desses espaços? Precisamos nos debruçar sobre isso e dar respostas à sociedade sobre suas propostas junto aos governos. E como melhorar isso? A internet pode ser um caminho. Não se resolve tudo com as tecnologias, mas ela pode aproximar muito os movimentos de juventude. Um exemplo é o Participatório (Observatório de Participação da Juventude), um espaço permanente de construção de conteúdos de maneira colaborativa sobre juventude, programas de governos e pautas dos movimentos. Nossos encontros presenciais não podem servir apenas para discutir a realidade da região. Precisamos encaminhar esses debates e ter uma maior incidência junto aos chefes de estado.
Cúpula Social do Mercosul: Como a Cúpula pode contribuir para isso?
SM: O espaço da Cúpula é muito privilegiado porque é onde podemos discutir de fato a agenda social e a questão da participação. Já realizamos o Juvensur (Seminário Permanente de Formação da Juventude do Mercosul), que reuniu cerca de 300 jovens dos países membros e associados. Já foi um grande esquenta para a Cúpula, onde a gente vai ajudar a consolidar não somente a agenda social, mas um outro olhar sobre a participação social no Mercosul. Temos já a Reunião Especializada de Juventude (Rej), que existe desde 2006, mas ela ainda tem muita dificuldade de incorporar a participação da juventude de maneira permanente e com peso de incidência na agenda do bloco.
Cúpula Social do Mercosul:Como avalia hoje o nível de organização e integração das organizações de juventude no Mercosul?
SM: Já temos algumas entidades com nível de organização regional e até latinoamerica. É o caso dos estudantes na Oclai, os agricultores familiar na Coprofan e a juventude rural na Via Campesina. Mas não temos um mecanismo de suporte e apoio pra isso. E quando falamos em apoio não estamos falando em cooptação pelo governo. A grande questão é que eles criem os espaços para que convirjam as diferentes iniciativas que já existem e estão se consolidando. As reuniões especializadas do Mercosul podem se adaptar para isso. E vamos pautar também a necessidade de criação de um fórum permanente de juventude nas Nações Unidas.
Cúpula Social do Mercosul: As juventudes vão incidir também em outros temas da Cúpula, certo?
SM: O legal da juventude é que ela perpassa todos os temas e assumir várias identidades é muito próprio desta geração. Este jovem pode ser ou não de um partido, militar na causa ambiental, gay, estar simultaneamente no terceiro setor. São várias camisas que essa galera veste na miltância e a primeira consideração importante é ter claro que a juventude não milita só nos movimentos de juventude. É claro que nem sempre a pauta da juventude consegue entrar como deveria nesses outros temas. Priorizamos uma pauta geral ou uma pauta específica? Para nós não existe essa dicotomia, e posso dar um exemplo concreto coma situação da juventude negra. Eles apresentam os piores indicadores em trabalho decente, escolaridade e violência. Não existe solução verdadeira que não integre essas lutas.
Fonte: Site da Cúpula Social do Mercosul