PCdoB/CE rende homenagens a Sérgio Miranda
Lamentando a morte do amigo Sérgio Miranda, que faleceu nesta segunda-feira (26), vítima de câncer no pâncreas, Carlos Augusto Diógenes, presidente estadual do PCdoB/CE relembrou momentos de convivência e ratificou a importância do amigo para a reconstrução do PCdoB.
Publicado 27/11/2012 12:46 | Editado 04/03/2020 16:28
“A trajetória política de Sério Miranda começou aqui no Ceará”, confirmou Patinhas. Contemporâneos do movimento estudantil na década de 60, Carlos Augusto presidia o Centro Acadêmico (CA) da Engenharia da Universidade Federal do Ceará, enquanto Zó, como era conhecido pelos amigos, liderava o CA de Matemática. “Junto com Bergson Gurjão, João de Paula, Pedro Albuquerque e outros colegas, formamos a direção comunista do Partido dentro da Universidade. Zó logo destacou-se como uma das nossas principais lideranças”, recorda.
Deste movimento formado por estudantes na Universidade foi-se fortalecendo a estrutura do PCdoB no Ceará. Com o Ato Institucional 5 (AI5), Patinhas foi para a Bahia, onde viveu na clandestinidade enquanto Sérgio Miranda continuou em Fortaleza. Em 1969, ele foi um dos estudantes impedidos pelo Decreto 477 de efetuar a matricula na Universidade.
Com a repressão, Sérgio Miranda segue para a Bahia onde reencontra o amigo cearense. “Vivíamos na clandestinidade e, em Salvador, atuamos juntos na reorganização do PCdoB na Bahia”. Nesta mesma época, os amigos conheceram suas esposas. “Eu comecei a namorar a Noélia, estudante de Enfermagem, e ele a Cristina, acadêmica de Engenharia. Nossa proximidade era tão grande que eles foram escolhidos padrinhos do nosso primeiro filho”, confirma Patinhas.
Sérgio Miranda seguiu para São Paulo de onde continuou atuando na busca de reorganizar o PCdoB. “Ele era a pessoa central da Direção Nacional do Partido, quem mantinha o contato com os quadros de todos os Estados. Seu papel foi fundamental no processo de rearticulação da legenda. Entre os anos de 70 e 80, a tarefa era dura, perigosa e exigia firmeza e coragem. Zó exerceu com perfeição”, reconhece o dirigente.
Após a anistia, Carlos Augusto volta para o Ceará enquanto Sérgio Miranda fixa morada em Minas Gerais. “Ele continua seu trabalho de reorganização do PCdoB, sendo o elo de articulação entre a Direção Nacional do Partido e os Estados. Em Belo Horizonte, foi eleito vereador e deputado federal, com atuação sempre de destaque. Ele chegou a ser líder do Partido na Câmara Federal”.
Após 43 anos, Sérgio Miranda afasta-se do PCdoB e passa a integrar as fileiras do PDT. “Mesmo não mais fazendo parte do nosso Partido, Zó manteve um relacionamento respeitoso com os comunistas. Participava de discussões políticas e mantinha contato frequente conosco”, ratifica Patinhas.
O último contato entre os amigos foi na cerimônia de sepultamento de Bergson Gurjão, quando Sérgio Miranda veio a Fortaleza participar das homenagens. “Naquele dia pude abraçá-lo e relembrar nosso convívio”.
Na última semana, Carlos Augusto foi um dos homenageados em Brasília, recebendo a Medalha Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados. Sérgio Miranda também foi um dos agraciados. “Fiquei muito feliz de receber a comenda junto com ele. Lamentei não vê-lo na cerimônia. Ao ver Cristina, sua esposa, percebi que seu estado de saúde tinha se agravado”, lamenta.
Em nome da direção estadual do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto ratifica a importância de Sérgio Miranda para a legenda no Ceará e no país. “Ele deu sua parcela de contribuição para a construção do nosso Partido. Com mais de 40 anos nas fileiras do PCdoB, com um nível cultural, intelectual e imensa capacidade de articulação, Sérgio Miranda merece todas as nossas homenagens e reconhecimento. Que nossa militância tenha nele um exemplo de atuação partidária”.
Telegrama
Os comunistas cearenses enviaram à viúva de Sérgio Miranda, Cistina Brito, um telegrama com o seguinte teor:
"Os amigos do PCdoB do Ceará se somam à dor e saudade dos familiares pelo falcimento dessa grande figura que foi Sérgio Miranda, o nosso "Zó", um dedicado lutador em defesa das causas populares, da soberania e desenvolvimentos nacionais. Ao mesmo tempo, prestamos nossas sincera homenagem e queremos registrar que sua imagem e amizade permanecerão gravadas na memória dos comunistas cearenses".
Mais sobre Sérgio Miranda
O ex-deputado federal Sérgio Miranda (PDT), de 65 anos, morreu em Brasília, vítima de câncer de pâncreas que teve diagnosticado no início do ano. O corpo foi velado no Salão Negro da Câmara dos Deputados e o sepultamento foi realizado na manhã desta terça-feira (27), no cemitério Campo da Esperança, também na capital federal.
Sérgio Miranda foi militante do Partido Comunista do Brasil durante quase cinco décadas e exerceu vários mandatos como membro do Comitê Central e da Comissão Política.
Presidiu o PDT em Belo Horizonte. Também foi vereador na cidade entre 1988 e 1992 e assumiu a vaga na Câmara na vaga de Célio de Castro (PSB), que renunciou ao ser eleito vice-prefeito da capital mineira.
Como parlamentar, sempre foi indicado como um dos mais influentes da Câmara pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
O professor nasceu em Belém (PA) e havia completado 65 anos na última sexta-feira. Durante sua militância política, foi expulso do curso de Matemática da UFC em 1969 pelo governo militar.
Ao longo de sua carreira, atuou principalmente nas áreas previdenciária, trabalhista, orçamentária e de direitos sociais.
Atualmente, trabalhava na Fundação Alberto Pasqualini.
De Fortaleza,
Carolina Campos