Debate nesta terça relembra a invasão da PUC-SP; greve permanece

Era pouco mais de nove horas da noite do dia 22 de setembro de 1977 quando alunos da PUC-SP, que realizavam um protesto pacífico, foram surpreendidos pela tropa policial do Coronel Erasmo Dias. Com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e cassetetes, a PM bloqueou todas as saídas da universidade. Detida, a multidão passou por uma triagem visual onde os policiais buscavam reconhecer manifestantes com “antecedentes subversivos”. Cerca de 700 estudantes foram presos.


Arquivo Agência Estado

Para relembrar o episódio que ficou conhecido como a “invasão da PUC”, a universidade realiza nesta terça-feira (27) uma roda de conversa com palestrantes, professores e alunos no auditório 239 do Campus. O evento será às 19h30 com entrada franca.

Dentre os palestrantes convidados, está Benedito Mariano, do Conselho Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. Ele abordará o resgate histórico da construção da ideia de segurança pública e as práticas atuais da instituição. Mariano foi o primeiro ouvidor de polícia no país de 1995 a 2000.

Também estará presente Maria Auxiliadora Arantes, integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, que falará sobre o 1º Congresso de Anistia na PUC-SP, a Luta pela Anistia no Brasil e o papel da universidade nesse processo. A conselheira da Comissão de Anistia Rita Maria de Miranda Sipahi completa o trio de palestrantes.

Durante o evento será apresentado o resultado do Projeto “Torquemada – Resgatando a Memória da Opressão do Passado ao Presente”. O trabalho visa a disseminação de diálogos (cênicos, midiático e virtuais) sobre a violação e promoção de direitos na atualidade e a manutenção da memória sobre o período da Ditadura e da Anistia por meio do espetáculo.

Greve

Trinta e cinco anos depois, a PUC-SP vive um novo momento de efevercência. Há duas semanas, professores, alunos e funcionários decretaram greve geral para protestar contra a eleição da professora Anna Maria Marques Cintra, que ficou em terceiro lugar na votação. Eles exigem que ela desista do cargo. Mas, a cerimônia de posse já está marcada para sexta-feira (30).

Historicamente, o vencedor sempre foi o que ficou em primeiro lugar nas eleições, onde todos os setores da faculdade participam. Porém, o  arcebispo da cidade e grão-chanceler da PUC, Dom Odilo Scherer, optou desta vez pelo terceiro colocado. O vencedor foi o atual reitor, Dirceu de Mello.

Desde 1980, a PUC faz a eleição. Os três mais votados são submetidos ao arcebispo, que pela legismação interna pode optar por qualquer um dos três nomes.

Com Brasil de Fato