Unegro espera adesão de São Paulo às ações afirmativas

O Coordenador Geral da União dos Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, elogiou a aprovação das políticas de cotas nas universidades públicas. Foi duro quando comentou a violência em São Paulo afirmando que o governo do Estado deveria ser processado por crime de responsabilidade pela violência contra a juventude em especial a negra.

Edson França, Unegro - Railídia Carvalho

A conversa ocorreu na sede do Vermelho São Paulo, na semana da Consciência Negra. Edson disse que o movimento negro considera este ano importante para a consolidação de políticas que são reivindicadas há muito tempo.

“Começa pela aprovação da lei das cotas que é a mais efetiva, concreta, direta lei de promoção social para a população negra. Que constrói a inclusão em universidades de ponta”, opinou. Ele destacou como desdobramento o suporte que o ministério da Educação vai oferecer para que os estudantes cotistas consigam concluir os cursos.

O presidente da Unegro se declarou feliz com os editais para artistas e produtores negros e a maneira como a ministra da Cultura Marta Suplicy encampou essa iniciativa. Ele lembrou que os requisitos dos editais tem sido excludentes premiando muito mais o domínio da técnica, de grupos estruturados do que a “legitimidade criativa, artística”.

De acordo com Edson, o movimento aguarda a efetivação das cotas para negros na gestão pública, o que foi sinalizado pela presidenta Dilma. “O objetivo das ações afirmativas é criar espaços de oportunidades para os negros onde não existem. Não são voltadas para espaços de universalidade”, explicou.

Edson lembrou a atual formação do ministério da presidenta que é formado por número recorde de mulheres em relação a outros governos. “Não havia mulheres antes porque não tinham competência? Não. Mas porque não houve vontade, sensibilidade de se criar essa oportunidade”.

São Paulo em oposição às políticas afirmativas

Em movimento contrário ao esforço permanente, feito pelo Governo Federal na luta pela igualdade racial, está o governo do Estado de São Paulo e as últimas administrações da capital.

“O governo de São Paulo não apresenta nenhuma medida que demonstre boa vontade de combater a desigualdade racial”, afirmou Edson. Ele emendou ironicamente questionando a presença do governador Alckmin, no dia da Consciência Negra no parque da Juventude. “Foi comemorar o quê? O extermínio dos jovens pobres e negros?”.

Edson completou dizendo que o episódio do parque da juventude e a violência contra o jovem da periferia em São Paulo configura uma política de chumbo e circo. “No império Romano havia a política de pão e circo, em São Paulo o governo oferece um mega show mas submete a juventude a essa situação de violência. É um acinte”, disparou.

Secretaria da Igualdade Racial na capital paulista

A criação da secretaria da Igualdade Racial, que faz parte do programa de governo do prefeito eleito Fernando Haddad, traz boas expectativas para o movimento negro. Segundo Edson, a implementação de políticas e programas dependerá muito da “convicção do novo prefeito” que vai enfrentar forte resistência à execução dessas políticas.

“Uma secretaria forte institucional e politicamente na Capital vai se contrapor à politica segregacionista do PSDB no Estado, que é o que mais resiste às políticas afirmativas que vem sendo implementadas em nível federal”, disse.

De São Paulo, Railídia Carvalho