Com a chegada das chuvas, térmicas serão desligadas em dezembro
Com o aumento das chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o governo pretende começar a desligar, já em dezembro, as usinas térmicas que foram acionadas para recuperar os níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Desde o dia 18 de outubro, praticamente a totalidade das usinas térmicas foi acionada, o que representou 14 mil megawatts (MW) de energia gerada por esse tipo de usina, nível recorde.
Publicado 23/11/2012 11:40
De acordo com o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, os reservatórios das usinas hidrelétricas dessas regiões estão voltando a patamares mais próximos da meta devido à uma "descaracterização" do fenômeno El Niño.
"Se continuar dessa maneira e a gente sentir que até o fim do ano recuperou, deu tranquilidade, a gente vai desligar", afirmou o executivo ontem, após participar de reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, em Brasília.
"Segundo a tese histórica dos meteorologistas, quando você tem chuvas cinco dias seguidos com intensidade superior a 5 milímetros nas principais bacias do Sudeste e Centro-Oeste, está caracterizado o início do período úmido. E isso já começou. Vamos torcer para que continue. Se essa tendência continuar, talvez a gente desligue em dezembro", acrescentou.
Despesas. As usinas térmicas funcionam como uma espécie de sistema de reserva, que é acionado toda vez que os reservatórios das hidrelétricas atingem níveis considerados de risco.
O problema de garantir o fornecimento de energia a partir desse tipo de usina é o custo. Como elas são movidas por combustíveis como diesel, o valor da energia gerada é bem superior ao verificado na geração hidrelétrica.
Segundo o diretor-geral do ONS, a despesa mensal com o acionamento das usinas girou em torno de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões. Somente em novembro, o gasto com essas térmicas deve ser de cerca de R$ 700 milhões.
As primeiras usinas a serem desligadas, caso o cenário traçado pelo ONS se confirme, devem ser as térmicas movidas a diesel e óleo combustível, as que geram a energia mais cara.
Apesar do otimismo de Chipp, as barragens permanecem com baixos níveis de água armazenada. Nas bacias do Sudeste/Centro-oeste, o nível dos reservatórios ontem era de 33,7%, 7,8 pontos porcentuais acima do patamar mínimo de segurança.
No Nordeste, o nível era de 32,6%, 6,7 pontos a mais que o limite mínimo. Chipp ponderou, entretanto, que a vazão dobrou desde o fim de outubro. "Em menos de um mês duplicou", afirmou.
Os níveis dos reservatórios ainda são considerados preocupantes, segundo especialistas. O porcentual de armazenamento ainda está próximo ao verificado antes do governo ter adotado uma política de racionamento, há 12 anos.
A expectativa de especialistas é que o Brasil dependerá cada vez mais da geração de energia termoelétrica.
Como a construção de hidrelétricas tem sido feita cada vez mais em lugares distantes, sem grandes reservatórios, e o governo tem incentivado formas alternativas de geração de energia (biomassa e eólicas), a variação no volume de energia gerada sofre maior variação.
Fonte: O Estado de S. Paulo