Deputados do PCdoB querem mais políticas de igualdade racial
O Dia da Consciência Negra foi lembrado em discursos dos deputados na sessão da Câmara nesta terça-feira (20). A líder do PCdoB na Câmara, deputada Luciana Santos (PE), aproveitou a data para pedir a votação da PEC do Trabalho Doméstico. O deputado Evandro Milhomen (PCdoB-AP) pediu avanços nas políticas públicas que garantam igualdade de oportunidades para a população negra.
Publicado 20/11/2012 16:40
“Faço um verdadeiro clamor, na tarde de hoje, para que nós votemos a PEC da Empregada Doméstica, numa perspectiva de fortalecer aquela que, sem dúvida, é uma categoria e uma população majoritariamente formada por negros e negras”, pediu Luciana Santos (foto) aos colegas parlamentares.
Na avaliação do deputado Milhomen, “o Brasil já avançou muito. Devemos muito ao governo democrático do presidente Lula, que deu o primeiro passo para que tivéssemos políticas nacionais de combate à desigualdade racial, mas ainda falta muito para que possamos, claramente, definir a população negra com os mesmos direitos da população não negra”.
“Falta muito, falta muita educação, faltam muitos direitos sociais, falta muito investimento, falta justiça social”, afirma o parlamentar, destacando que a população negra é a maior na carceragem; os jovens negros são os que mais morrem por homicídio e no trânsito; a remuneração do trabalhador negro, hoje, representa 60% da do trabalhador não negro, a da mulher negra, 47%.
Para Milhomen (foto), é preciso resgatar o direito da população negra, que foi jogada na sociedade sem as mínimas condições de crescimento e desenvolvimento social e econômico. “Por isso, queremos que o debate seja pela vida social do negro, não pela genética, como muitos querem distorcer. A genética não é o mais importante; o importante é a vida da população negra do nosso País”, concluiu.
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que também discursou sobre o Dia da Consciência Negra, “esta data é uma conquista que vem sendo alcançada paulatina e insistentemente como resultado de uma luta de mais de três décadas pelos movimentos negros por todo o Brasil”.
Segundo a deputada, “para que um país como o nosso possa alcançar o tão almejado desenvolvimento social e econômico terá que tratar de fato todos os seus cidadãos, independente de suas origens étnicas, como um cidadão pleno. Contudo, as históricas injustiças sociais que levaram ao racismo em nossa sociedade precisam de fato ser enfrentadas, corrigidas e compensadas, sob o risco de comprometermos nossos objetivos de desenvolvimento humano social e econômico.”
Exemplo de Zumbi
Como outros parlamentares da Casa, que discursam em homenagem à data, Luciana Santos também resgatou a história de Zumbi dos Palmares, que motivou a criação do Dia da Consciência Negra.
Em 1695, Zumbi dos Palmares é surpreendido na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco. Morto no dia 20 de novembro, ao lado de 20 guerreiros, teve a cabeça cortada que foi apresentada ao governador Melo e Castro para depois ser exposta na Praça do Carmo até a total decomposição para que servisse de exemplo.
A parlamentar contou que “os seus assassinos pensavam ter exterminado a resistência dos escravos. O povo negro sabia que ali havia sido plantada uma semente ainda mais forte e longeva. A luta pela liberdade e resistência do povo negro inspirou-se no seu exemplo e não arrefeceu nem mesmo um segundo, seja na organização dos quilombos, em séculos passados, seja no enfrentamento da discriminação e da violência nos dias atuais”.
De Brasília
Márcia Xavier
Matéria alterada às 15h37min para acréscimo de informação.