Brasil irá ajudar nos diálogos de paz na Colômbia com as Farc

O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, afirmou, nesta quarta-feira (14), que o Brasil vai cooperar com as negociações de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por meio de apoio para a implementação das políticas referentes à agricultura familiar. Os negociadores do processo estão interessados no programa desenvolvido no Brasil.

Patriota - Agência Brasil

“Há numerosas maneiras de prestarmos apoio, como áreas muito específicas, uma área que interessa muito à Colômbia é a agricultura familiar. Há muito que os países da região do Mercosul, Brasil, Uruguai e Argentina têm realizado nessa esfera e queremos cooperar”, disse o chanceler.

Para que este processo avance, foi acordada uma agenda com os pontos a serem abordados. O primeiro assunto que será discutido será a questão da política de desenvolvimento agrário integral, onde está prevista a distribuição de terras, infraestrutura e desenvolvimento social.

Esse será o tema tratado no dia 19, quando os negociadores retomam as reuniões, em Havana, Cuba. Autoridades de Cuba, da Venezuela, da Noruega e do Chile fazem a mediação nas negociações.

Adiamento

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo colombiano adiaram o início das negociações de paz em Havana que estava previsto para esta quinta-feira (15), assim, as reuniões acontecerão na segunda (19).

De acordo com o ministro colombiano do Interior, Fernando Carrillo, o adiamento obedece questões puramente técnicas. “É preciso montar a estrutura técnica, sobretudo nas relações com a opinião pública e os meios, elaborar as páginas na internet… uma estrutura que não conseguimos colocar em funcionamento”, acrescentou.

“Esperamos que a palavra seja cumprida, os acordos e as regras do jogo (…) estamos buscando a paz dos colombianos e consideramos que nos sujeitarmos a essas regras é fundamental”, pontuou o ministro.

Questão da terra

A desapropriação e o deslocamento associados com esses problemas trouxeram consigo, desde 1985, uns cinco milhões e meio de deslocados e seis milhões de hectares arrebatados.

Trata-se de um fenômeno não resolvido. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na Colômbia o índice de concentração da terra — que se mede em uma escala de 0 a 1, é de 0,58.

Neste recente informe, esse programa alertou sobre o estado improdutivo de grande parte das terras aptas para a agricultura na Colômbia, que totalizam 21,5 milhões de hectares. Delas, somente estão cultivadas 4,9 milhões de hectares, ou seja, 22,7%.

A questão também preocupa os povos indígenas, que totalizam 102 etnias, com uma população de 1,37 milhões de pessoas, das quais quase metade está debaixo da linha da pobreza e reclamam seus territórios ancestrais.

Da Redação do Vermelho,
com agências