Golpe de 64: Comissão vai investigar morte de Anísio Teixeira
A morte do educador Anísio Teixeira em 1971, no Rio de Janeiro, é tema de uma audiência pública que a Comissões Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão da Verdade da Universidade de Brasília (UNB) promovem terça-feira (6), em Brasília. As duas comissões vão analisar as circunstâncias da morte de Teixeira, ex-reitor da UNB, que foi cassado pelo golpe militar de 1964.
Publicado 05/11/2012 08:56
Participarão da audiência o coordenador da CNV, Cláudio Fonteles, e os demais membros da comissão.
A ideia é sensibilizar a sociedade em busca da verdade sobre os impactos do regime militar na educação do país. A estimativa é que, apenas entre estudantes e professores universitários, cerca de 300 pessoas morreram ou desapareceram durante a ditadura (1964-1985), além daqueles que foram monitorados e perseguidos. Reitores de 81 universidades contribuem com as investigações sobre o tema.
O assunto deve fazer parte da reunião de amanhã (5) da Comissão Nacional da Verdade, em Brasília. A reunião deve durar todo o dia e engloba uma série de temas desde a missão no Pará.
Na terça-feira, Babi Teixeira, filha do educador, entregará às comissões um dossiê inédito sobre as circunstâncias da morte do pai e as perseguições que ele sofreu durante a ditadura. Segundo Babi, o documento reúne depoimentos de parentes e amigos de Teixeira.
Na audiência pública estarão presentes também Carlos Teixeira, filho do educador, e o professor de engenharia João Augusto da Rocha, da Universidade Federal da Bahia, autor do livro Anísio em Movimento, que tem colaboração de Afrânio Coutinho, Antonio Houaiss, Artur da Távola, Darcy Ribeiro, Diógenes Rebouças, Luís Filipe Perret Serpa, Florestan Fernandes, Haroldo Lima, Jorge Hage, Luís Henrique Dias Tavares e Tales de Azevedo, entre outros.
Nos anos de 1960, Anísio Teixeira projetou, em parceria com Darcy Ribeiro, a Universidade de Brasília, fundada em 1961. Teixeira foi reitor da UnB em 1963 e, em 1964, foi cassado pela ditadura. Em março de 1971, o corpo dele foi encontrado no fosso do elevador do prédio do amigo Aurélio Buarque de Holanda. A versão oficial é que ele foi vítima de um acidente.
Suruís na Guerrilha do Araguaia
A CNV também prepara, para os próximos dias 16, 17 e 18, uma série de atividades no interior do Pará para averiguar questões relativas à Guerrilha do Araguaia, ocorrida no período de 1960 a 1970. O grupo vai analisar, por exemplo, informações sobre a exploração de indígenas da etnia Suruí, que atualmente vive na Terra Indígena Sororó, pelos militares, durante o conflito.
Pela segunda vez, a CNV irá ao interior do Pará para conversar com os indígenas da etnia Suruí. Os líderes da etnia querem a criação de uma comissão da verdade local, pois há referências à possibilidade de os indígenas terem sido forçados pelo Exército a cooperar no combate à guerrilha. Em outubro, os líderes dos suruís pediram o apoio da CNV.
Também no interior do Pará, a CNV deve se reunir com o Grupo de Trabalho Araguaia, criado em 2009, que trabalha na localização e identificação dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. O grupo é formado por integrantes dos ministérios da Defesa e da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos, além de antropólogos, geólogos, cartógrafos e especialistas em logística, assim como observadores do PCdoB, do governo do Pará e parentes dos mortos e desaparecidos.
Fonte: Rede Brasil Atual