Direção do Movimento PAIS decide lançar Rafael Correa à reeleição
O birô político do partido equatoriano Movimento Aliança PAIS proporá à Convenção Nacional do próximo dia 10 de novembro a candidatura à reeleição do presidente Rafael Correa, afirmou Galo Mora, secretário executivo desta organização política.
Publicado 02/11/2012 07:19
Em entrevista exclusiva à Prensa Latina, Mora ratificou que a apresentação formal da candidatura de Correa e do vice-presidente ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), no dia 12 de novembro, precedida por uma massiva marcha de ciclistas na capital, foi uma decisão do birô político, como antecipou o chanceler Ricardo Patiño.
Contudo, esclareceu que ainda não está decidida a proposta para o cargo de vice-presidente, que acompanhará Correa na chapa presidencial nas eleições gerais de 17 de fevereiro de 2013.
Sobre as acusações de autoritarismo, Mora afirma que pode dar fé de que existe uma liderança forte, firme sem dúvida que é Rafael Correa, mas que este nunca toma decisões sem fazer consultas e sem dar margem para reflexão posterior.
Mora realçou como exemplo a escolha do candidato a vice-presidente. Trata-se de uma prerrogativa exclusiva dele decidir sobre o assunto, porém ele está submetendo este debate ao Birô Político do partido.
Creio que são imagens de um democrata convicto, mas, obviamente, ele também sabe e conhece que não se pode jogar com o destino da Pátria em nome de consensos, os quais não chegarão jamais ou de acordos com quem não é possível concordar, sublinhou Mora.
Isto, necessariamente pressupõe a decisão anterior que é a indicação do candidato, precisou o dirigente do Movimento Aliança Pátria Altiva e Soberana (PAIS), ao recordar os dois pré-requisitos anunciados por Correa em uma eventual candidatura à reeleição para continuar aprofundando o processo revolucionário.
Esses dois pré-requisitos, enumerou Mora, têm a ver com uma indicação formal do Movimento Aliança PAIS e, segundo, a anuência da sua família.
Correa nos comunicou que já tem essa anuência familiar, apesar de todos os sacrifícios, disse Mora, e o outro pré-requisito, de caráter formal e regulamentar pelas normas do CNE e do Código da Democracia, será preenchido no dia 10 de novembro na Convenção Nacional.
Estamos a poucos dias de cumprir não só esse requisito, apontou, mas será uma indicação que expresse uma vontade política multitudinária dos equatorianos que virão à Convenção de todas as províncias e representações no exterior. Temos representações do Movimento em Cuba, Chile, Venezuela, Estados Unidos, Canadá, Itália e Espanha, as quais, anunciou com exclusividade, terão uma participação na próxima Convenção, proporcional à quantidade de membros em cada país.
Esta segunda Convenção Nacional, precisou Mora, contará com dez por cento dos 138 mil aderentes permanentes entre mais de 900 mil filiados, o que equivale a 13.800 companheiros que estarão em Quito no dia 10 de novembro e triplicam os participantes na primeira Convenção de 2010 em Guaiaquil.
Vamos cumprir rigorosamente as definições dispostas no Código da Democracia, disse, e asseverou que os organismos internos decidem e nomeiam os delegados que confirmarão a candidatura da chapa presidencial, e das chapas nacional e provincial de parlamentares andinos e à Assembleia Nacional.
O Movimento Aliança PAIS tem uma enorme heterogeneidade doutrinária, esclareceu Mora.
Em 2005 muitos de nós fomos convocados pelo presidente para nos incluirmos nessa heterogeneidade, acrescentou, e havia gente que vinha inclusive do que era denominado de partidocracia, resquícios de um tempo perverso, mas nem todos os seres humanos são responsáveis pelo que ocorreu.
Tenho dito muitas vezes que não fazemos investigações nem analisamos prontuários, exceto dos que tenham sido antipatrióticos, vende-pátrias, e para eles a porta estará sempre fechada, advertiu o dirigente da Aliança PAIS.
Em novembro de 2010 assistimos à primeira Convenção Nacional, mas devemos considerar que diferentemente do PT brasileiro ou da Frente Ampla uruguaia, no Equador percorremos o caminho inverso, afirmou Mora.
Esses movimentos e partidos chegaram ao poder em seus países depois de uma luta de décadas, portanto sua estrutura já estava formalmente organizada; aqui, começa-se a organizar no processo da dinámica de administração e transformação de um Estado.
Como sempre disse o presidente Correa, não viemos administrar, mas transformar, e isso pressupõe uma readequação do que havia sido a formalidade das organizações de esquerda no Equador, disse o secretário executivo do partido-movimento Aliança PAIS.
Temos constituídas 24 direções provinciais e três extraterritoriais nos Estados Unidos, Venezuela e Europa, todas funcionam e talvez, comentou Mora, o maior legado que podemos deixar é ter conseguido evitar distorções e dispersões nas convenções provinciais.
Uma crítica constante dos editorialistas de direita é dizer que a organização não existe, assinalou, depois de revelar que se realizaram 27 convenções e quase não há informação sobre elas por uma simples razão, porque não houve nenhum escândalo que pudesse afetar o presidente ou o Movimento.
Nelas se revelou a lealdade e a unidade, que é algo tão complexo na história da América Latina, enfatizou Mora.
O Movimento já tem um caráter orgânico, tem escola de formação política, deve ampliar-se, tudo ainda está por se fazer, como dizia José Martí ao referir-se ao legado de Simón Bolívar, e há muitíssimo por fazer aqui na Aliança PAIS, anunciou.
Mas creio, enfatizou Mora, que se semeou a lealdade, a unidade, um discurso ideológico, um programa, uma escola e uma relação fraternal.
Em meio às disputas em que vivemos agora, é comovente a lealdade de muitíssimos companheiros, que se sentem um elo a mais dentro de tudo o que significa o Movimento, afirmou.
Prensa Latina