Luis Beaton: O terrorismo puro na Síria
Três bombas explodiram há algumas horas em áreas residenciais da capital síria, dando continuidade a uma série de ataques lançados dias atrás, que muitos identificam como uma expressão de puro terror.
Por Luis Beaton, em Prensa Latina
Publicado 01/11/2012 10:08
Um diplomata em Damasco, que pediu anonimato, ao avaliar as últimas ações de grupos armados, considerou que isto não é oposição política, mas terrorismo brutal.
Os atentados ocorridos na noite de quarta-feira mataram uma pessoa, feriram seis, incluindo uma criança, e causaram danos materiais a três pequenos quiosques no subúrbio de al-Mazzeh, a oeste da capital.
Essas ações se ligam a outras dos últimos dias, inclusive quando imperava o cessar-fogo pelo feriado muçulmano de Eid al Adha (Sacrifício), que ocorreram em áreas densamente povoadas e, aparentemente, foram dirigidos contra civis.
Expressões colocadas na rede social Facebook por adeptos destas práticas demonstram sua posição irracional, ao assinalar que os locais afetados eram pontos de segurança do governo e neles se vendiam bebidas e cerveja.
Estes atentados se somaram a outros ataques que ocorreram durante a quarta-feira, em dois povoados de Damasco Campo, a cerca de 15 quilômetros a sudeste e sudoeste da capital, em al-Sayyida Zainab, com saldo de 11 mortos e 30 feridos, e na cidade de Muaadamiyet (com muitos mortos e feridos), disse uma fonte oficial.
Várias localidades na província de Campo Damasco foram alvejadas, durante a última semana de ataques, com carros-bomba e dispositivos plantadas por terroristas, matando perto de 50 pessoas e deixando mais de uma centena de feridos.
Nessas ações, as principais vítimas foram civis, muitas crianças, que atualmente são os alvos preferidos dos grupos irregulares que fazem oposição ao governo do presidente Bashar al-Assad.
Sírios disseram à Prensa Latina que os últimos acontecimentos emergiram pelo desespero dos adversários, duramente atingidos pela ofensiva do governo em várias províncias, e que recorrem ao terrorismo para colocar medo na população.
Som esse ambiente aflora o alarme no Ocidente de que os choques na Síria passem a ser sequestrados por grupos extremistas do exterior, especialmente pela Al-Qaeda e seus seguidores.
O nome de Jabhat al-Nusra , grupo extremista seguidor da Al-Qaeda, estende sua bandeira negra por várias partes da Síria e se destaca como o principal autor das ações terroristas.
De acordo com Elizabeth O'Bagy, do Instituto para o Estudo da Guerra, citado por um editorial do The Washington Post, eles se tornaram uma ameaça mais significativa a longo prazo para a estabilidade na Síria.
De ações contra instalações militares e de inteligência em províncias do país, estes componentes externos da crise miram suas armas contra civis que não têm nada a ver com a violência, de acordo com os últimos acontecimentos.
Embora algumas fontes rejeitaem a teoria, o Exército Sírio Livre, suposto representante da revolta no local, é cúmplice dos chamados jihadistas, pois estes lhe dão apoio em armas e recursos que lhes permitem continuar a guerra, ainda que não faletm contradições.
Isso força a maioria dos sírios a condenar tais grupos, ao não considerá-los defensores do diálogo, das reformas e da mudança, ao contrário, aprodundarem a crise da violência.