Ministra da Cultura quer resolver questão dos direitos autorais
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, defendeu nesta terça (30) no Senado Federal uma reforma na Lei de Direitos Autorais, em vigor há 14 anos, e mais transparência na gestão do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), entidade privada que administra os recursos advindos da propriedade intelectual no país.
Publicado 31/10/2012 11:08
Aos senadores da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, Marta disse que alguns gargalos dos direitos autorais devem ser resolvidos “para que as obras sejam utilizadas para fins didáticos e para que os autores recebam o dinheiro”.
Para explicar como a legislação pode dificultar o acesso das pessoas aos bens públicos e culturais, que é um direito humano, a ministra citou um caso recente ocorrido na Biblioteca Nacional, localizada no Rio de Janeiro. A instituição possui acervo com mais de oito milhões de obras – e começou a digitalizá-lo. No entanto, não pretende colocar o material para ser acessado, pela internet, pela população do país. O motivo: evitar problemas com os direitos autorais. “Temos de arrumar uma solução para isso e ver como compensar o autor, para que sua obra não seja indevidamente explorada”, observou Marta Suplicy. “O século 21 não tem volta.”
Por isso, a ministra disse aos senadores que é preciso resolver a questão do Ecad e informou que vai se reunir com os dirigentes da instituição, em data ainda não definida, para ouvir o que têm a dizer sobre eventuais mudanças no regime de direitos autorais no país. “Eu já ouvi as críticas. Agora quero ouvir a parte deles”, afirmou.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ecad, cobrou da ministra uma posição mais firme em relação à entidade. A CPI investigou irregularidades na arrecadação e distribuição de recursos de direitos autorais e pediu o indiciamento de 15 gestores do órgão.
A ministra também pediu o apoio dos senadores para a ampliação das verbas do ministério em 2013. Em sua exposição, Marta lembrou que a Cultura tem um orçamento pequeno e necessita que novas leis sejam aprovadas para elevar o total de recursos destinados ao setor. Entre os projetos em tramitação, ela citou o que modifica a Lei Rouanet (Lei 8.313/1991), a ser encaminhado ao Senado depois de passar pela Câmara dos Deputados. Segundo a ministra, encontra-se em estudo ainda a possível elevação – de 4% para até 6% – do teto de dedução do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) para a cultura.
Marta ressaltou igualmente a importância do projeto que cria o Vale Cultura, em tramitação na Câmara há cinco anos. A ministra defendeu a aprovação da versão original do projeto, que permite ao empresário conceder aos funcionários um vale de até R$ 50 a ser gasto em eventos culturais. O projeto foi alterado na Câmara, de modo a ampliar o valor e incluir aposentados e funcionários públicos entre os beneficiários. A ministra disse que a aprovação desse texto poderia levar a presidente Dilma Rousseff a vetar o projeto.
Fonte: Rede Brasil Atual