Jornada de trabalho vira polêmica na França

O primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, iniciou nesta terça-feira (30) uma ácida polêmica quando admitiu a eventualidade de abrir as discussões sobre a duração da jornada de trabalho, estabelecida pela lei em 35 horas semanais.

Essa foi uma das reformas mais emblemáticas do governo de Lionel Jospin (1997-2002) e está considerada no país como uma das conquistas mais importantes dos trabalhadores.

A cúpula empresarial e os partidos de direita, que se opõem a essa medida, não conseguiram revertê-la durante a década que ficaram no poder, com a União por um Movimento Popular (UMP).

Entretanto, quando um grupo de leitores do diário Le Parisien perguntou hoje a Ayrault se estaria disposto a abrir a discussão sobre o tema, respondeu afirmativamente e agregou que, para ele, não existem questões tabus.

François Chérèque, líder da Confederação Francesa Democrática do Trabalho, disse que se o governo do Partido Socialista tentar tocar na jornada de trabalho encontrará no caminho a organização que dirige e seus trabalhadores.

Por sua vez, Maurad Rabhi, secretário de emprego da Confederação Geral do Trabalho, lembrou que as 35 horas semanais se constituem em uma conquista social pela qual se lutou por muito tempo.

Em um comunicado, o Partido Comunista Francês exigiu que o primeiro-ministro assuma seu papel e deixe dar "piscadas ao empresariado"

Há temas mais importantes que deveriam ser obejto de análise, diz o texto dos comunistas, entre eles a fiscalização dos grandes lucros, o aumento dos salários, a proibição de demissões em massa e a melhoria dos serviços públicos.

Michel Sapin, ministro do Trabalho, entrou na discussão se posicionando contra a modificação da lei e considerou que, "suprimir as 35 horas de trabalho é suprimir o salário por tempo extra, o que significa trabalhar mais para ganhar menos".

Em sua tentativa de brecar a polêmica, Ayrault assegurou mais tarde que seu governo não abrirá o expediente da jornada de trabalho, porque essa não é a causa das principais dificuldades da economia nacional.

Fonte: Prensa Latina