Analistas projetam alta de 0,1% para IGP-M de outubro, diz FGV
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou, nesta terça-feira (30), dados que apontam desaceleração dos preços dos produtos agropecuários atingidos direta e indiretamente pelo forte choque de oferta de grãos entre julho e agosto foi mais rápida do que antecipavam os economistas e, por isso, a expectativa é que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) fique praticamente estável em outubro, após subir quase 1% no mês anterior.
Publicado 30/10/2012 08:30
De acordo com a média das projeções de dez consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, o IGP-M deve subir 0,10% em outubro, após avanço de 0,97% em setembro. As estimativas variam de estabilidade a elevação de 0,23%.
A expectativa dos analistas é de deflação dos produtos agropecuários no atacado. Passado o impacto da quebra na safra de grãos nos Estados Unidos e com a diluição dos efeitos indiretos da alta dos preços do milho e da soja, dizem os analistas, a expectativa é de que o Índice de Preços ao Produtor Amplo – Agropecuário (IPA-Agro) recue entre 0,60% e 0,75% neste mês, após altas expressivas de 2,77% em setembro e de 6,07% em agosto.
No IGP-10, indicador em que o período de coleta foi de 11 de setembro a 10 de outubro, soja e milho – os principais responsáveis pela disparada nos preços dos alimentos nos últimos meses – já mostraram queda de 2,52% e 4,93%, respectivamente. O tomate, que também foi destaque de alta recentemente, recuou 33,54% no período.
Pelos cálculos de Fábio Romão, economista da LCA Consultores, a soja cairá 6,30% neste mês, mas não será a única fonte de alívio para os preços dos alimentos no atacado. Outros produtos, como o arroz e as aves, segundo ele, também tendem a mostrar altas menores nessa leitura. "O que esperamos é deflação mais forte nos produtos em que os preços já estavam caindo e altas mais moderadas nos itens que vinham pressionando o índice." As carnes, afirma o economista da LCA, vão intensificar a desaceleração já observada nas últimas semanas, enquanto derivados da soja como óleos e gorduras vegetais vão acompanhar a descompressão dos grãos e mostrar queda de preço em outubro.
Na indústria alimentícia, de acordo com Thiago Curado, da Tendências Consultoria, já é possível perceber alguma perda de ritmo nos reajustes, mas ainda modesta, com os preços em patamar bastante elevado. O item que, segundo ele, permitirá reduzir pela metade a alta nos produtos industrializados, de 0,65% em setembro para 0,32% neste mês será o minério de ferro. No IGP-10 desse mês, a commodity recuou 5,72% na comparação com o mês anterior, movimento que, de acordo com Curado, reflete a desaceleração da demanda chinesa. "Com a perspectiva de crescimento econômico mais fraco na China, não há em vista, ao menos no curto prazo, um movimento de alta para o minério de ferro", disse.
Entretanto, o economista da Tendências afirma que a deflação do produto deve aos poucos perder força, uma vez que os preços já estão em nível mais baixo. Priscila Godoy, da Rosenberg & Associados, nota que no mercado spot as cotações já mostram recuperação após meses de queda.
Se por um lado deve haver um esgotamento da tendência de queda do preço do minério de ferro, por outro há a expectativa de desaceleração nos preços dos alimentos. "Esses movimentos devem se compensar e manter o IPA relativamente estável", afirma Curado. Para outubro, sua previsão para o índice, que representa 60% do IGP-M, é de avanço de 0,04%, bem abaixo da alta de 1,25% registrada no mês passado. Priscila espera aumento ligeiramente maior, de 0,12%.
Essa desaceleração, porém, destacam os economistas, só deve chegar aos consumidores a partir de novembro. Por enquanto, a expectativa é de avanço no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 0,49% em setembro para algo em torno de 0,55% em outubro. "Acredito que o pico de alta do varejo neste ano tenha ocorrido no IGP-10, quando o indicador subiu 0,57%", comenta Curado. "Mas, mesmo com os reajustes nos alimentos perdendo força, o indicador vai continuar pressionado nos próximos meses, por causa dos serviços."
Com a proximidade das festas de fim de ano, o economista prevê avanços principalmente em despesas pessoais e vestuário. Outra fonte de pressão, segundo ele, virá de habitação, com reajuste nos aluguéis.
Para Romão, da LCA, entre novembro e dezembro a inflação ao consumidor não será tão elevada por causa da desaceleração esperada para o grupo alimentos e bebidas. Sem choques de oferta, os preços no atacado também tendem a ter altas mais moderadas, o que sustentará variações entre 0,30% e 0,40% no IGP-M nos meses finais do ano.
O Índice Nacional de Custo da Construção, já divulgado, subiu 0,24% em outubro.
Fonte: Jornal Valor Econômico