Conferência denuncia cumplicidade dos EUA em golpes na AL
As semelhanças entre os golpes de Estado em Honduras e no Paraguai e a cumplicidade dos Estados Unidos nesse revés democrático foram denunciados na França durante uma conferência na Casa da América Latina.
Publicado 26/10/2012 13:49
"Quando vemos o que aconteceu em ambos os países, nos damos conta que estamos diante de novas formas de derrubar governos democraticamente eleitos que iniciam reformas de maior inclusão social e participação popular", explicou à Prensa Latina o dirigente do Coletivo Paraguai, Gustavo Zaracho.
Em 28 de junho de 2009, o então presidente hondurenho Manuel Zelaya foi sequestrado e levado à força para a Costa Rica por militares para impedir a realização nesse dia de uma consulta sobre futuras reformas constitucionais.
Três anos depois, também no mês de junho, seu homólogo paraguaio, Fernando Lugo, foi destituído depois de um julgamento político relâmpago que a comunidade internacional qualificou como Golpe de Estado Parlamentar.
Há muita semelhança entre o que aconteceu nos dois países. O que não funcionou em Honduras aperfeiçoaram no Paraguai, denunciou através de uma video-conferência Dina Meza, ativista do Comitê de Familiares de Presos Desaparecidos.
Ela declarou também que nos dois casos tentaram legalizar o golpe de Estado e apresentá-lo como uma substituição presidencial e não como uma ruptura democrática.
Oradores no encontro lembraram que os documentos publicados posteriormente pelo Wikileaks revelaram o envolvimento dos Estados Unidos no golpe de Estado em Honduras e afirmaram que após o ocorrido aumentou para sete o número de bases militares estadunidenses nesse país centro-americano.
A oligarquia hondurenha, junto aos militares, perpetraram o golpe para destruir o que tinha progredido com o governo de Zelaya, agregaram.
No Paraguai, as grandes multinacionais do setor agroalimentício, como a Monsanto, Cargill e outras, intervieram diretamente no complô porque o governo de Lugo, em alguns aspectos, dificultava as ações dessas grandes empresas, explicou Zaracho a esta agência.
Outros consórcios, como o canadense Rio Tinto Alcán, que há anos tenta se instalar no Paraguai, assim como a oligarquia nacional que via seus interesses em perigo, estiveram implicados na ruptura institucional.
Zaracho alertou sobre o perigo de que aumentem os golpes de Estado na América Latina, alentados pelos setores estadunidenses mais conservadores, que queiram intervir como antes na região.
Em uma mensagem transmitida à conferência, o presidente Fernando Lugo destacou a importância deste encontro e agradeceu a solidariedade internacional a seu país.
A ordem constitucional voltará ao Paraguai através das mãos dos democratas, não dos golpistas, disse Lugo, e acrescentou que podem desalojar um presidente, mas não reverter a decisão de um povo que quer viver em democracia.
Fonte: Prensa Latina