Saramago ganha celebração anual em Lisboa

Lisboa vai rememorar Saramago a partir deste ano como fazem em Dublin a cada 16 de junho os leitores de "Ulisses", que saem às ruas, com o livro em mão, para lembrar Joyce.

"Nós vamos passear com Saramago por toda Lisboa com 'O Ano da Morte de Ricardo Reis', um livro muito lisboeta", explicou nesta terça-feira Pilar del Río, viúva do escritor, na apresentação das celebrações do aniversário.

Com esse convite a uma festa espontânea, cívica e cultural, que se repetirá anualmente, a Fundação José Saramago quer unir o Nobel com outro dos grandes escritores lusos, Fernando Pessoa, autor de "O Livro do Desassossego".

"Queremos desassossegar, mas também levar um sorriso ao desassossegado para enfrentar a tristeza de Portugal", afirmou Pilar.

Entre outros atos previstos em memória do escritor, a Casa dos Bicos de Lisboa, sede da fundação, será palco de uma dramatização de seu celebre "Memorial do Convento".

Antes que acabe este ano está prevista em Portugal a publicação de "A Estátua e a Pedra", que só contava com edição italiana e que Pilar considera um texto "definitivo" para entender a mudança de Saramago após o veto do governo luso a apresentar seu "O Evangelho segundo Jesus Cristo" a um prêmio europeu.

Com aquele veto, o escritor se mudou para Lanzarote e, acrescentou sua viúva, deixou de escrever "livros portugueses" para criar obras "universais".

Além das comemorações lusas, na Espanha, onde Saramago viveu muitos anos, serão organizados diversos atos em meados de novembro para recordá-lo.

Em Madri, o aniversário será comemorado na Casa do Leitor e no Circulo de Belas Artes, enquanto em Tias, cidade de Lanzarote onde Saramago morou e morreu, haverá um programa de atos de duas semanas.

Na casa do escritor será exibido o filme "Ensaio sobre a Cegueira", do brasileiro Fernando Meirelles e baseado no livro homônimo de Saramago.