Ritmos afro-brasileiros movimentam festival de arte e cultura
Em seu terceiro dia, o Festival Latino-Americano e Africano de Arte e Cultura (Flacc) 2012 teve a programação focada na contribuição cultural com origem na África e a sua relação com as culturas latino-americanas. Oficinas de ritmos, de contos africanos, espetáculos teatrais e musicais movimentaram estudantes universitários, de escolas públicas e a população em geral. O festival é realizado na Universidade de Brasília (UnB) em comemoração aos seus 50 anos.
Publicado 25/10/2012 10:49
As atividades realizadas até o momento confirmam a proposta do festival de promover a integração da cultura popular da África e da América Latina. Pela manhã, os participantes foram convidados a interagir com os tambores no workshop Oficina de Ritmos Afro-Brasileiros, ministrado pela Orquestra de Tambores de Alagoas, no espaço Oca dos Povos Indígenas Darcy Ribeiro. Formada em 2004, a orquestra de tambores é um grupo de percussão que trabalha ritmos da Região Nordeste congregando elementos da cultura afro-brasileira e da cultura indígena.
O músico e coordenador da orquestra, Wilson Santos, guiou os participantes na descoberta de ritmos como o cabula, barravento e o alujá, ritmos próprios de religiões de matriz africana como o candomblé. “Nós queríamos saber a percepção das pessoas e como ia ser a receptividade com um trabalho diferente. A experiência está sendo muito boa”, disse. À tarde, os participantes do festival também puderam acompanhar a Orquestra de Tambores de Alagoas na Oca dos Povos Indígenas Darcy Ribeiro.
Por meio da história de Orumilá, deus da adivinhação e que é invocado no jogo de búzios, quem participou do workshop Afrocontos – Histórias Africanas pode conhecer o universo mitológico dos orixás e saber mais sobre as religiões de matriz africana. O trabalho, apresentado pelo professor e pesquisador de teatro, Toni Edson Santos, mistura técnicas de encenação e de contação de histórias.
O desconhecimento e a intolerância com relação às religiões afro-brasileiras impulsionaram a realização do trabalho. “Uma das coisas que me incomoda há bastante tempo é a questão da intolerância religiosa e da falta de compreensão de uma certa mitologia, por isto eu fui estudar a história dos orixás para montar esse trabalho. É importante difundir essas histórias e insistir na tecla do respeito da diversidade”, disse Santos.
O diálogo com os estereótipos latino-americanos tomou corpo na apresentação do espetáculo Contos Latidos de Amor e Sapitucas, do Laboratório de Performances e Teatro do Vazio (LPTV) com alunos do departamento de artes cênicas da UnB. Por meio do uso do humor, o trabalho apresentou as “mazelas” da América Latina.
“A gente trabalha muito com o humor, com a perspectiva do cômico. Os estereótipos da América Latina vêm à tona com uma quantidade significativa de autoironia, de deboche da própria desgraça em alguns sentidos: dos preconceitos, da corrupção, do racismo, da dificuldade que as minorias encontram com a obtenção de espaço”, explica a diretora e professora do curso de artes cênicas da UnB, Simone Reis.
O terceiro dia do Festival Latino-Americano e Africano de Arte e Cultura se encerra com show da cantora baiana Margareth Menezes, umas das criadoras do movimento Afropop Brasileiro, no Mandala Global – Mestre Teodoro.
As atividades do festival se concentram em uma grande área entre o Instituto Central de Ciências (ICC), conhecido como Minhocão, a Reitoria e a Biblioteca da UnB, em quatro espaços. O Espaço África Anísio Teixeira, se dedica às atrações que resgatam a origem africana. A Oca dos Povos Indígenas Darcy Ribeiro apresenta as atrações latinas. O espaço Mandala Global – Mestre Teodoro é palco de shows e espetáculos. As atividades livres e de convivências se concentram no Espaço Livre – Honestino Guimarães. Entre os espaços, os participantes podem ver exposições artísticas.