Walter Pinheiro: Salvador não quer o retorno do carlismo
O senador Walter Pinheiro (PT) é enfático ao afirmar que uma parcela da cidade nutre a esperança de que vença um governo que tenha a capacidade de financiar novos projetos e buscar financiamentos em parcerias com os governos Dilma e Wagner, rejeitando a possibilidade de retomar um governo que remete a “uma velha política”.
Publicado 16/10/2012 10:34
Em entrevista à Tribuna da Bahia, ele aponta estratégias, mostra argumentos que serão usados nas ruas e nas propagandas do rádio e da TV e faz a defesa do projeto do PT, encabeçado em Salvador por Nelson Pelegrino.
Tribuna da Bahia – Como o senhor avalia o resultado das eleições em Salvador, sobretudo a divisão da cidade entre ricos e pobres?
Walter Pinheiro – Primeiro foi uma grande vitória para nós, lembrando que no início da campanha muita gente vislumbrava a possibilidade de uma vitória no primeiro turno contra a gente a partir de diversos fatores. O principal deles era a identificação que se fazia sobre a má administração da cidade, dos problemas acumulados em Salvador. E é natural que haja uma cobrança maior para quem está na estrutura de governo. O que importa é que Pelegrino cresceu e conseguiu agregar apoios. Temos uma parcela da cidade que vê a possibilidade da sua volta de um método de administração que não cabe mais. Vemos nas ruas uma cidade que nutre sua esperança de que vença um governo que tenha a capacidade de financiar novos projetos, buscando financiamentos em estruturas que tenham muito mais condições que a própria cidade. Temos as políticas públicas do governo da presidente Dilma e a possibilidade de retomar um governo, principalmente depois de longos anos de completo declínio de uma política, com a saída de Antônio Carlos de cena, como o fim da velha política. A cidade não quer o retorno do carlismo. E esse embate se estabeleceu, óbvio que no primeiro turno não tão demarcado, e agora no segundo turno teremos um confronto de projetos. Não sobre a volta do carlismo contra o petismo, mas eu diria a questão de embate de projeto, que pensa em incluir pessoas, na reestruturação da cidade contra outro que historicamente comandou a e até assumiu postos na cidade, mas não conseguiu fazer muita coisa.
Tribuna – A que o senhor atribui o crescimento de Nelson Pelegrino?
Walter Pinheiro – Eu diria que foi muito mais uma identificação da população de Salvador em três aspectos: o primeiro deles de encontrar em Nelson uma certa garantia que seria possível promover transformações imediatas, ações de choque para colocar a cidade para funcionar; a garantia de que é possível com Nelson ter algo mais consistente para arrumar a cidade com longo prazo, arrumar gestão, caminhar na direção efetiva de pensar a cidade para o futuro, com projetos mais ousados, de reorganização e inclusão e o terceiro aspecto é de encontrar em Nelson a possibilidade efetiva, não da história da parceira como todo mundo coloca como muleta, mas eu diria a viabilidade. Nelson como o caminho possível de encontrar os projetos, já que os recursos do PAC estão lá em Brasília, mas se você não tiver capacidade, articulação, alguém chega primeiro. Dilma não vai perseguir nenhum município, mas os que chegam antes, que chegam com projeto e têm linha direta para isso, vão ter a possibilidade primeiro que a gente. Portanto esse crescimento foi muito essa sinérgica de reencontro, obviamente, marcado por um desejo da população que vê Salvador retomar seu caminho.
Tribuna – Quais as estratégias para vencer no segundo turno?
Walter Pinheiro – Revelar isso antes da hora é perigoso, mas a ideia central é a gente continuar nessa linha de firmeza, de propósitos e propostas. Portanto, Nelson Pelegrino tem as condições para isso. Alguns tentam fazer ataques pessoais, mas Nelson tem uma vida que não é manchada por nenhum tipo de desvio ético, nem tampouco esteve envolvido em nenhum tipo de escândalo. Pelo contrario, teve uma vida correta, sempre na linha de frente, na batalha, na defesa dos projetos. Vamos continuar explorando isso, falando de um candidato que pode falar de cabeça erguida, que pode falar de sua experiência e longa dedicação. Então associar esse guerreiro, esse homem público de vida limpa, a toda uma trajetória de desafios por Salvador. E o segundo aspecto é de reunir no segundo turno, aquela fase que nos tínhamos com a chegada de outros parceiros, que são de nível nacional ou até estadual, que vai aumentar esse exército de pessoas, de ajuda. Sem contar os outros dois caminhos: a possibilidade efetiva de você consagrar projetos de parcerias com o estado e com a presidenta Dilma, que tem sinalizado para a gente um compromisso de investir e ajudar para que a gente possa recuperar Salvador. Então nossa estratégia vai ser exatamente nesse aspecto, o que nos une, quem está conosco, quais as possibilidades efetivas pra gente reconstruir Salvador e os caminhos da viabilidade de financiamento para administração dessa cidade.
Tribuna – O que vão fazer para atrair o eleitorado de Mário, Marinho e até mesmo os eleitores indecisos?
Walter Pinheiro – Para os indecisos é a confirmação desses pontos que eu levantei, para que eles possam entender. Quem ficou indeciso ou quem não foi à urna, efetivamente, eu acredito que não tenha nenhuma noção sobre o desejo em querer recuperar Salvador. Já os eleitores de Marinho e Mário vão se posicionar no segundo turno, nós vamos ao encontro deles e vemos quais são as propostas que absorvemos dessas candidaturas. Boa parte delas tem muita sinergia para nós, na área de transporte, ampliando a capacidade de Salvador atender a sua demanda até que mude a estrutura física. Vamos buscar dialogar com essa parcela da cidade e obviamente manter o diálogo com a parcela que esteja conosco e vamos dialogar firmemente ainda com a parcela da cidade que não esteve com a gente, mostrando que Salvador pode perder a oportunidade nesse momento histórico de virar o caminho da sua recuperação.
Tribuna – O apoio dos 15 partidos e os apoios que estão sendo agregados pode ser decisivo nessa hora de reta final do pleito?
Walter Pinheiro – Isso é um elemento decisivo, mas o maior apoio vem do povo. Portanto, é a gente utilizar esses partidos e mais a chegada do PRB, PSL, e aguardamos também a decisão do PSC. Isso pode nos levar efetivamente a ganhar mais canais para que a gente possa dialogar com essa população e conseguir travar um diálogo e passar uma confiança nesse momento difícil, firmando a certeza da questão dos projetos que nós temos para essa cidade.
Tribuna – E os ataques senador, como vão agir nesse segundo turno? Vão elevar o tom da campanha?
Walter Pinheiro – Eu comparo isso a uma disputa que nós, por exemplo, no primeiro turno, buscamos o tempo inteiro trabalhar propostas, tanto é que a sociedade sabe de cor e salteado quais foram os pontos de Nelson durante campanha e, no entanto, sofremos um conjunto de ataques pessoais, com distribuição de panfletos extremamente agressivos. Então ninguém pode acusar Nelson de ter participado de nenhum tipo de ação neste país contra o cidadão, pelo contrário, Nelson sempre esteve à frente de todas as lutas, foi capaz de defender no combate, ganhou experiência, então esses ataques deixam sentido. É obvio que em determinados momentos procuramos responder aos ataques com propostas, mas quem faz esse tipo de ataque é porque tem na realidade um balaio de coisas sujas e fica achando que todo mundo é igual. Quem praticou a vida inteira esse tipo de coisa, fica o tempo inteiro tentando jogar contra a vida dos outros. Então no segundo turno vamos manter a linha de projetos e de propostas. Podem falar da vida do nosso candidato, do passado dele, podemos falar do seu presente e principalmente, do compromisso com essa cidade, então não tem porque ser diferente.
Tribuna – O senhor acredita que o julgamento do mensalão pode impactar na campanha em Salvador, sobretudo, junto à classe média?
Walter Pinheiro – Onde Nelson esteve envolvido com o mensalão? Pelo contrário. Então se efetivamente alguém comprou alguma coisa, Nelson Pelegrino não estava nela. Portanto, inclusive temos que trabalhar essas coisas para deixar a diferença. Eu estou tratando da candidatura de Salvador, que ganha apoio de mais de 15 partidos, que tem uma história. Então não adianta alguém tentar manchar a história de Nelson. Ele não recebeu nenhum tipo de ajuda para sua campanha com o estadual, de nenhum tipo de operação. Querem envolver Nelson em algo em que ele nunca esteve. É bom lembrar que foi exatamente no governo do PT que as coisas do Brasil avançaram. Até o STF julgar contra a política. Continuavam deixando passar. Pergunta aí porque até hoje o STF nunca julgou casos como o Banco Econômico, o Banco Nacional? Escândalos envolvendo políticos também, não só banqueiros. Foi no tempo do Lula que se estabeleceu uma lei de transparência de acesso à informação no país. Portanto, estamos falando de Nelson Pelegrino, que é parte deste projeto.
Tribuna – O que o senhor acredita que diferencia o candidato do Democratas ACM Neto do candidato do PT Nelson Pelegrino?
Walter Pinheiro – Eu prefiro falar do meu. Porque eu sei que do meu tenho muita coisa boa pra falar. Posso falar do seu caráter, da sua conduta, do compromisso, dos anos de entrega, Nelson conquistou junto do povo, batalhando, foi aperfeiçoando e amadurecendo a vida pública, sem empurrão, sem a mão de ninguém, mas principalmente numa participação direta com os compromissos com a sociedade. Então essa é a diferença. É desse candidato que estou falando, um candidato que tem todas as condições. Nelson não vai precisar de intermediário para chegar à Dilma. Nelson é do mesmo projeto que Dilma, vai ter a linha direta, habilidade de poder caminhar com técnicos, discutir os pontos de fomentos, as instituições de financiamentos. Essa é a diferença. Não vai precisar de ninguém para ser interlocutor e vai poder fazer isso direto. Então é essa a diferença. É essa a competência, é essa capacidade que Salvador está precisando para dar sua virada na história.
Tribuna – O PMDB vai marchar com ACM Neto, mesmo com Mário indo apoiar Nelson Pelegrino. E Geddel vai continuar fazendo parte do governo federal?
Walter Pinheiro – Eu acho que o governo federal não deve fazer nenhum tipo de ameaça. Quem vive pensando isso, na minha opinião, pensou errado. É livre para qualquer partido fazer a escolha localmente de como quer marchar. Então acho que isso não é nenhum drama. O PMDB fez a escolha dele, respeito, nós buscamos, inclusive, a ampliação da nossa campanha. Se o PMDB tivesse vindo para o nosso lado nós queríamos, sem problemas. Agora, a escolha de continuar de um lado contra a gente a partir de um projeto deles do estado é legitima. Acho eu que ficamos, inclusive, neste episódio, com a parte que dialogou para aceitar, a parte que discutiu projetos. Então, o que o PMDB fará ou o que alguém fará com o PMDB já é uma tarefa que não compete a Pelegrino, mas não creio que essas coisas de ocupação de cargo em nível nacional do PMDB, na minha opinião, não deve ser colocado na pauta. Até porque, nenhum cargo do PMDB foi colocado por conta das intenções do estado, muito menos do município. Então vamos deixar isso para nível nacional e não vamos contaminar a nossa campanha local.
Tribuna – O prefeito João Henrique disse que pode se posicionar ainda a favor de um dos dois candidatos. O PT quer João Henrique do seu lado nesse momento?
Walter Pinheiro – João Henrique eu diria que como todo e qualquer eleitor da cidade, que estamos buscando votos, eu não procuro ver nem qual é a corrente ideológica do eleitor, nem social nem de ser humano. Eu quero o voto de mais um cidadão para a gente aumentar nossa caminhada. Esse voto é de todos. É isso que vamos buscar de todos. Agora outro debate já ficou mais ou menos caracterizado no primeiro turno para quem essa outra estrutura trabalhou, agora se ele tentou mudar no segundo turno essa estrutura, aí fica na consciência de cada um, mas nós vamos querer o voto de todo mundo dessa cidade. O voto.
Tribuna – Qual a mensagem que o senhor deixa para o eleitorado nessa reta final e qual maior desafio que vocês vão ter nessa fase da campanha?
Walter Pinheiro – O maior desafio nessa etapa da campanha é exatamente a gente encontrar esse caminho para o eleitorado, que eu sei que todo o povo de Salvador quer. Uma eleição com projetos, propostas, e quer tranquilamente a retomada da administração, já que é possível sentir nos olhos das pessoas, no coração, o desejo de ver sua cidade recuperada. Lamentavelmente, a cidade vai completar mais quatro anos sofrendo. Vamos dizer que Nelson Pelegrino é o caminho mais correto para esse caminho, na seriedade, no investimento, no compromisso, na etapa de recuperação e principalmente, uma verdadeira sinergia para a gente colocar Salvador no eixo. É isso que nós vamos tentar levar para o dia 28 de outubro, mas principalmente, é esse desafio e compromisso que a gente quer levar a partir do dia 1º de janeiro de 2013 e botar Salvador para voltar a sorrir para o seu povo e para quem chega.
Fonte: Tribuna da Bahia