O Congresso dos Estados Unidos: as outras eleições

As eleições gerais de 6 de novembro nos Estados Unidos incluem também as disputas para o Congresso, e os candidatos de ambos os partidos enfrentam uma luta ferrenha pelos assentos parlamentares.

Tanto as campanhas para o Senado como para a Câmara de Representantes estão muito unidas à marcha da briga pela Casa Branca entre o presidente democrata, Barack Obama, e seu adversário conservador, o republicano Mitt Romney.

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Dificuldades e desafios que nos últimos meses têm enfrentado ambos os aspirantes têm um impacto considerável no desempenho dos que pretendem chegar ao Congresso federal.

No Senado, os dois principais agrupamentos políticos disputarão 33 postos, enquanto a Câmara de Representantes põe em jogo suas 435 cadeiras.

Os deputados eleitos na contenda formarão o 113º Congresso Federal, que estreará em janeiro de 2013.

A batalha pelo Senado adquire particular relevância porque os republicanos querem recuperar ali a supremacia numérica, onde agora os democratas possuem a maioria dos assentos, com 53 a 47.

O partido azul nestas eleições tem interesse em ao menos 23 assentos do dito corpo legislativo, quase o dobro daquilo que defendem os republicanos.

Segundo o jornal The Washington Post, a poucas semanas do sufrágio, os candidatos democratas para o Senado atingem vantagens estáveis em intenções de votos sobre seus oponentes republicanos.

Isto ocorre na Virginia, Massachusetts, Wisconsin, Ohio, Arizona e Flórida, todos estados divididos politicamente e com um importante peso eleitoral.

Se Obama ganhar a reeleição, consegue uma vantagem superior no Senado e também a redução da maioria republicana na Câmara de Representantes, então terá mais espaço para levar adiante seus projetos de leis, tradicionalmente boicotados pela bancada opositora.

Para alguns observadores e analistas, existe algo entre 50 e 70 por cento de possibilidades de que o chamado partido do burro (Democrata) mantenha seu superioridade numérica nesse corpo legislativo, em relação à formação do elefante (Republicana).

Algumas campanhas dependerão de acontecimentos locais ou nacionais de último momento e do impulso que tenham os dois aspirantes ao Salão Oval.

Um caso típico do vaivém nas contendas parlamentares está no estado de Missouri, onde o atual representante à Câmara e aspirante ao Senado, Todd Akin, parecia ser o favorito diante da senadora democrata Claire McCaskill. Mas Akin fez nefastas declarações de que as violações "legítimas" contra as mulheres não provocavam gravidez, o que suscitou um escândalo e mudou a corrente a favor de McCaskill.

As pesquisas mostram tendências positivas para os democratas desde agosto passado, ao que parece devido às palavras de Akin e ao fato de Romney ter selecionado como parceiro de chapa o congressista de Wisconsin, Paul Ryan, uma figura até então pouco conhecida na esfera política.

Os fatos reforçaram a imagem dos republicanos como muito conservadores em temas sociais.

Outro elemento que revolveu as águas da disputa pelo Senado foi a revelação de declarações de Romney na Flórida, onde asseverou que 47 por cento dos estadunidenses votarão por Obama porque dependem do governo.

Segundo analistas, este apontamento aproximou os democratas de manterem o controle do dito órgão.

O partido vermelho domina 241 dos 435 assentos da Câmara de Representantes e, por lei, este se renova de forma total em novembro, ainda que de fato só 60 deles se considerem dentro da concorrência.

Os democratas esperam atingir as 25 vagas necessárias para tomar o controle desse corpo legislativo ou ao menos lutar para reduzir a vantagem que agora têm os republicanos, que esperam manter ali sua supremacia.

Mas o representante democrata por Nova York e presidente do Comitê da Campanha desse partido no Congresso, Steve Israel, manifestou cautela sobre o assunto e considerou que "resulta altamente improvável" que seus correligionários atinjam os assentos desejados.

O mais factível para o partido de Obama é reduzir a vantagem dos republicanos ainda que não chegue a ser majoritário nesse corpo legislativo, comentou o jornal The Hill, ao se referir ao alto nível de influência da votação presidencial na campanha pelo órgão parlamentar.

O mandatário e Romney têm concentrado seus esforços de campanha nos estados pendulares, mas existem outras demarcações também vitais com vistas ao controle da Câmara onde é frouxa a campanha para a presidência porque são considerados bastiões de um ou outro partido.

De acordo com uma pesquisa recente do jornal texano The Houston Chronicle, os chamados "estados órfãos" poderiam ser decisivos para que os democratas atinjam as vagas necessárias a fim de dominar a câmara baixa federal.

Ambos os partidos estão concentrados em 18 disputas legislativas para a Câmara de Representantes, em comarcas onde há escassa concorrência para as presidenciais.

Por outra parte, o papel dos latinos terá um peso decisivo nestas eleições parlamentares, em momentos em que o presidente Obama desfruta do apoio de quase 70 por cento desse setor, a maior minoria étnica do país.

Um grupo significativo no Congresso, o chamado Caucus Hispânico, pretende ganhar até 10 assentos e, ao conseguí-lo, impulsionaria a meta do partido azul por recuperar a proeminência na Câmara de Representantes, segundo o jornal The Hill. Os republicanos nesse corpo parlamentar têm uma dúzia de candidatos latinos que aspiram a postos neste ciclo eleitoral, mas a maioria deles enfrentam atuais congressistas democratas que são favoritos para ganhar a reeleição.

Na corrida pelo controle do Congresso, como sucede com a batalha pela Casa Branca, ainda não se disse a última palavra.

Os meios de imprensa locais e nacionais nos Estados Unidos reproduzem diariamente questionários que predizem mudanças pouco perceptíveis nas proporções quantitativas de ambos os partidos no Capitólio.

O resultado da contenda legislativa é importantíssima para os grupos de pressão e as grandes corporações norte-americanas, porque ali se decide uma boa parte do destino de seus negócios e aspirações.

Uma pesquisa recente revelou que 60 por cento de empresários e magnatas financeiros consideram que a briga pelo domínio do Capitólio influi mais que a contenda presidencial em seus planos de médio e longo prazo.

Por tal motivo, estes setores poderosos movem-se de forma decisiva, às vezes quase imperceptível, através de grupos de ação política mais visíveis a nível local e nacional, para contribuir com seu dinheiro e recursos para colocar no legislativo os que melhor sirvam a seus negócios e aspirações de poder.

Fonte: Prensa Latina