Triunfo de Chávez dá novo impulso à integração da América Latina
O triunfo de Hugo Chávez nas eleições presidenciais da Venezuela é considerado por latino-americanos e caribenhos um resultado favorável para os processos de integração regional em curso.
Por Waldo Mendiluza em Prensa Latina
Publicado 12/10/2012 20:55
As repercussões pela vitória do líder socialista no último domingo (7) abarcaram diversos campos, com destaque para o cenário de impulso à integração que decorre do que sucedeu nas urnas.
"As forças progressistas da América Latina e do Caribe reconhecem em Chávez um líder impulsionador das mudanças sociais e da integração no continente, e portanto sua vitória consolida esse caminho", opinou o presidente da Comissão de Relações Internacionais do Parlamento cubano, Ramón Pez Ferro.
Em declarações à Prensa Latina, o deputado recordou o papel desempenhado pela Venezuela nos últimos anos no nascimento de mecanismos de concertação política, econômica e social.
Sob a gestão de Chávez, na presidência desde 1999, esse país sul-americano foi protagonista no nascimento da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba, criada em dezembro de 2004), da União de Nações Sul-americanas (Unasul, em maio de 2008) e da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac, em dezembro de 2011).
Também foi determinante o papel venezuelano na fundação da Petrocaribe, iniciativa voltada para romper assimetrias no acesso aos recursos energéticos.
Sobressai também a contribuição de Caracas ao trabalho do Parlamento Latino-americano, o Parlamento Indígena e o Parlamento Amazônico, instituições a partir das quais vários países do continente defendem posturas e interesses comuns.
De acordo com Pez Ferro, os diversos mecanismos regionais têm no triunfo eleitoral de Chávez uma via para seu fortalecimento.
Trata-se de um presidente comprometido com o empenho para tornar realidade na região os sonhos de unidade de nossos próceres independentistas, assim como as aspirações de soberania de latino-americanos e caribenhos, apontou o deputado cubano.
Na ilha, representantes de outras instituições coincidiram na importância da reeleição do líder socialista, que há anos tem a integração regional como uma das prioridades venezuelanas em matéria de política externa.
Para a diretora da Casa da Alba Cultural, Ana Maria Pellon, os venezuelanos estavam conscientes de que com seu voto respaldavam um projeto de unidade e justiça social para todo o continente.
Trata-se da integração como garantia de um futuro diferente para os pobres e tradicionalmente oprimidos, disse à Prensa Latina.
Durante um dos foros preparatórios da cúpula de fundação da Celac, em Caracas, Chávez disse: "Que nada nem ninguém nos tire dos trilhos” – frase considerada uma mostra de seu compromisso integracionista.
A propósito do bloco genuinamente latino-americano e caribenho formado por 33 países, que não inclui Estados Unidos e Canadá, o estadista o qualificou de "algo grande e é história, porque somos a mesma pátria, o mesmo povo". De acordo com o mandatário só a unidade pode conduzir à verdadeira independência da região.
Intelectuais, políticos e movimentos sociais asseguram que Chávez era o único candidato realmente comprometido com os processos de integração na América Latina e no Caribe.
Nesse sentido atribuem ao principal candidato da oposição nas últimas eleições, Henrique Capriles, um duplo discurso quando disse não estar interessado na saída da Venezuela de processos como a Alba.
Capriles representa os que defendem as políticas neoliberais favoráveis a ampliar o papel do capital privado, estrangeiro e local, seus seguidores políticos e sociais têm sido fortes defensores do livre comércio promovido pelos Estados Unidos, advertiu antes da votação o sociólogo norte-americano James Petras.
O acadêmico denunciou que por trás de Capriles estava Washington, cujas administrações consideraram durante décadas a América Latina e o Caribe seu "quintal".
Reações latino-americanas
Pouco depois da vitória de Chávez, mandatários de vários países da região viram no triunfo do líder socialista a continuidade dos planos integracionistas na América Latina e no Caribe.
"Tua decisiva vitória assegura a continuidade da luta pela genuína integração de Nossa América", assinalou o presidente cubano, Raúl Castro, em uma mensagem de felicitação a Chávez, que com mais de oito milhões de votos derrotou Capriles com 11 pontos percentuais de diferença.
Não somente é o triunfo do povo da Venezuela, mas também dos países da Alba e da América Latina, afirmou por sua parte Evo Morales, presidente da Bolívia.
Morales tinha opinado antes das eleições que Chávez era a garantia da integração.
A chefe de Estado da Argentina, Cristina Fernández, escreveu nas redes sociais "Tua vitória também é a nossa vitória. A da América do Sul e do Caribe. Força Hugo! Força Venezuela! Força Mercosul e Unasul".
Também o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, considerou que a vitória eleitoral de Chávez fortalecia o avanço dos organismos de integração regional, como a Unasul, a Alba e a Celac.