Organizações pedem aos ministros de Defesa fim da militarização

Em virtude da realização da 10ª Conferência de Ministros de Defesa das Américas, que começa nesta segunda-feira (8) e segue até quarta-feira (10) em Punta del Este (Uruguai), mais de 30 organizações e personalidades da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Haiti, México, Paraguai, Uruguai e Venezuela assinaram um documento em que pedem, entre outras demandas, o compromisso com a desmilitarização do continente.

Organizações, coletivos, associações, movimentos e personalidades manifestam no documento preocupação com o aumento da presença militar dos Estados Unidos na região pelo fato de esta situação representar, de forma clara, uma ameaça à soberania de todos os povos e ao direito à paz.


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Além da demanda central – a desmilitarização do continente – também pedem que os ministros de defesa se atenham à concretização de outras ações, entre as quais a eliminação das bases militares estrangeiras do continente latino-americano, assim como a retirada das tropas estrangeiras que usam as bases nacionais. Outro pedido é o fim dos exercícios militares conjuntos realizados sob a doutrina e direção do Pentágono (EUA).

Entre as cobranças está ainda o fechamento da Escola das Américas, reivindicação feita há mais de 20 anos; o encerramento do patrulhamento da 4ª Frota da Marinha estadunidense nas costas e rede fluvial da América Latina; além do fim definitivo da chamada "guerra contra as drogas”, que já tirou milhares de vida, sobretudo, na Colômbia, México e América Central. As organizações sugerem que a atual política seja trocada por uma política pública integral, multilateral e com ênfase nas ações de saúde pública.

Soberania 

"Também, exortamos aos Estados a reverter a tendência a militarizar funções do Estado que não competem à Defesa e por consequência ao âmbito militar”, pedem, esclarecendo que os Estados democráticos de direito têm agências especializadas e idôneas, de caráter civil, para oferecer atenção humanitária e atuar em catástrofes naturais, no controle das migrações e das políticas de segurança cidadã.

Cientes de que as Forças Armadas foram criadas para agir em conflitos que envolvam outras nações e para eventuais confrontos armados, as organizações repudiam a política, impulsionada pelos Estados Unidos e adotada por alguns países, de envolver as Forças Armadas em assunto de segurança interna sob o pretexto de "novas ameaças”. Situação que vem submetendo o narcotráfico, o protesto social e a resistência aos megaprojetos de infraestrutura ou à extensão do agronegócio à atuação das Forças Armadas.

Uma região de paz 

Também pedem a redução dos gastos militares e sua conversão em gastos sociais, ação que, acreditam, pode ajudar a converter as Américas em um território de paz.

O Haiti, país que sofreu grandes perdas humanas e materiais com o terremoto de 12 de janeiro de 2010, também foi lembrado. No documento, pedem aos governos que continuem e aprofundem o apoio social e econômico à República do Haiti e a concretizar a retirada completa das tropas da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (Minustah).

No caso do Paraguai, país que sofreu um "golpe de Estado institucional” em junho deste ano, chamam atenção para a ameaça de reprodução de novos golpes, alertando que pronunciar rechaço não é o bastante.

"Finalmente, chamamos os Estados a prestar especial atenção ao processo de diálogo anunciado na Colômbia, que conduziria à solução negociada do conflito armada que se vive neste país. A violência desatada por tal conflito ocasionou milhares de mortes, o deslocamento forçado de milhões de pessoas, graves violações aos direitos humanos e se converteu em um pretexto para justificar a intervenção militar estadunidense na Colômbia e na região inteira”, exigem, lembrando que uma solução ao conflito seria benéfica à estabilidade regional.

Outras informações em: www.fuerabases.org

Fonte: Adital