Cuba e Não Alinhados defendem uso pacífico da energia nuclear
Cuba e o Movimento dos Países Não Alinhados rechaçaram nesta sexta-feira nas Nações Unidas as tentativas de algumas potências de prejulgar o caráter pacífico ou não dos programas nucleares de determinados países.
Publicado 29/09/2012 04:02
O vice-ministro cubano das Relações Exteriores, Abelardo Moreno, declarou que seu país defende o uso da energia e da tecnologia nuclear com fins pacíficos como um direito soberano e inalienável de cada nação.
Ao falar em uma reunião sobre a luta contra o terrorismo nuclear, o diplomata sublinhou o interesse especial que Cuba dedica à aplicação das tecnologias nucleares nos setores de saúde, agricultura e alimentação, indústria e hidrologia e de proteção ao meio ambiente.
Nesse sentido, advertiu que o fortalecimento das medidas de segurança física nuclear não podem prejudicar as aplicações dessas tecnologias.
Moreno destacou que Cuba está incluída no reduzido grupo de Estados que a Agência Internacional de Energia Atômica certificou pelo cumprimento estrito de seus compromissos em matéria de salvaguardas.
Isto confirma a ilha caribenha como um país que não tem materiais e atividades nucleares não declaradas, sublinhou.
O vice-chanceler cubano também explicou que "apesar de ser um país bloqueado por mais de cinco décadas, não temos poupado esforços para destinar importantes recursos humanos e materiais a fim de garantir a segurança do manejo do material nuclear".
Em seu discurso, o representante cubano alertou que o mundo gasta cada vez mais em meios para fazer a guerra e cada vez menos na plena realização do direito ao desenvolvimento.
Os recursos milionários que são dedicados à produção de armamentos devem ser utilizados para acabar com a pobreza, erradicar o analfabetismo e salvar milhões de seres humanos que morrem por causa da fome e de enfermidades evitáveis, indicou.
O diplomata reiterou igualmente que a única maneira efetiva de combater o terrorismo nuclear é mediante a total eliminação de todos os arsenais nucleares.
A existência de mais de 20 mil armas desse tipo e seu contínuo aperfeiçoamento e possível uso constituem uma grave ameaça à sobrevivência humana, asseverou.
O vice-chanceler cubano insistiu em que a luta contra o terrorismo nuclear deve ser universal e estar sob uma concertação multilateral efetiva.
Ele acrescentou que a análise desse tema em nível mundial deve ser inclusiva e qualquer iniciativa deve estar aberta à participação de todos os Estados.
Não Alinhados
O Movimento dos Países Não Alinhados defendeu na ONU o direito das nações subdesenvolvidas ao uso da energia nuclear com fins pacíficos, sem discriminação.
As medidas para fortalecer as garantias e a segurança nuclear não podem ser utilizadas como pretexto para violar, negar ou restringir esse direito inalienável, sublinhou o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, ao falar em nome do Movimento.
O ministro interveio na sexta-feira (28) na reunião de alto nível sobre o enfrentamento ao terrorismo nuclear, celebrada paralelamente aos debates da Assembleia Geral da ONU.
Ele afirmou que o caminho mais efetivo para impedir que os terroristas adquiram artefatos de destruição em massa é através da total eliminação desse tipo de armas e fez um chamamento a trabalhar por progressos urgentes na área do desarmamento e da não proliferação.
O ministro iraniano alertou contra a continuada prática do Conselho de Segurança de utilizar sua autoridade para definir medidas legislativas a serem cumpridas pelos Estados membros na execução das decisões adotadas por esse órgão de 15 integrantes.
O chanceler persa também reafirmou o papel da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como a única entidade intergovernamental da ONU com mandato e experiência necessários para tratar os aspectos técnicos da segurança e das garantias em matéria nuclear. Qualquer ataque ou ameaça contra instalações dessa natureza, operacionais ou em construção, constitui uma grave violação da lei internacional e dos princípios e objetivos da Carta da ONU, afirmou o representante do Movimento dos Países Não Alinhados.
A esse respeito, ele assinalou a necessidade de negociações multilaterais para conseguir um instrumento que proíba esses ataques ou ameaças contra infraestruturas dedicadas ao uso pacífico da energia nuclear.
Também apelou a contribuir para o êxito da próxima conferência para estabelecer uma zona livre de armas nucleares e de destruição em massa no Oriente Médio.
Nesse sentido, exigiu que Israel, o único país dessa região que não pertence ao Tratado de Não Proliferação, subscreva esse instrumento sem mais atraso nem condições prévias e ponha suas instalações sob as salvaguardas da AIEA.
Fonte: Blog da Resistência www.zereinaldo.blog.br