Fora Collor: Sem as massas, Collor não cairia, diz sociólogo
“O impeachment interrompeu o primeiro governo eleito diretamente após 29 anos. E a pressão dos movimentos sociais foi fundamental nesse processo”. Foi como explicou, em entrevista para a Rádio Vermelho, o professor e sociólogo Rodrigo de Carvalho, ao falar do encerramento antecipado do governo de Fernando Collor de Mello, que em 2012 completa 20 anos.
Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo
Publicado 26/09/2012 16:18
De acordo com o sociólogo, que é autor do livro A Era Collor: da eleição ao impeachment, o movimento do Fora Collor foi a expressão mais forte desse processo e o impeachment é o desdobramento disso. “O Fora Collor como movimento se converteu em um dos movimentos mais importantes pós-redemocratização e o impeachment se converteu como coroamento desse processo”, explicou.
Rodrigo de Carvalho também explicou que Collor não chegou à presidência da República por acaso. Segundo o pesquisador, na eleição de 1989, Collor foi o candidato mais radical do liberalismo. “Foi ele quem mais defendeu, por exemplo, a abertura econômica, as privatizações e o novo modelo econômico. Para tanto, a candidatura de Collor contou com o apoio de parte significativa das classes dominantes e da mídia, cito aqui a Veja e a Rede Globo. Então, não foi um raio em céu azul”, refletiu.
Um livro para as gerações futuras
Sobre a publicação de seu livro, que foi lançado na última segunda-feira (24), Rodrigo de Carvalho diz que relembrar o processo de impeachment significa cumprir com o desafio de apresentar para os leitores, de forma crítica, um elemento histórico.
Além disso, o autor destaca que procurou compreender o fato a partir da atuação dos movimentos sociais, destacadamente o papel dos estudantes. Mas, não deixou de considerar a fragmentação das classes dominantes que até então apoiavam aquele governo.
Acompanhe a íntegra da entrevista: