Ministro diz que Brasil condena intervenção militar na Síria
Ao participar do seminário Os desafios da Política Externa Brasileira em um Mundo de Transição, na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (11), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota (foto abaixo), falou sobre a posição do Brasil diante dos conflitos no mundo. Sobre a crise na Síria, ele disse que o governo do Brasil condena qualquer tipo de intervenção militar; e sobre o vizinho Paraguai, afastado do Mercosul, ele declarou que a suspensão seja “temporária e breve”.
Publicado 18/09/2012 17:32
A presidenta da Comissão de Relações Exteriores, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC – em foto ao lado do ministro), promotora do evento, ao abrir o evento, que lotou o auditório Nereu Ramos, destacou a importância de estender o debate sobre a política externa brasileira para o mundo acadêmico e a sociedade.
“Já temos repetido isso, que não há solução militar para esse tipo de situação. Isso é (para nós) uma espécie de mantra”, disse Patriota sobre a proposta de intervenção militar na Síria. E citou os exemplos das dificuldades vividas no Iraque e no Afeganistão pelo fato de esses países terem sido alvos de intervenção militar. “O componente militar não apresentou soluções (nesses locais)”, disse.
Patriota citou ainda o exemplo da Líbia, país que, no ano passado, sofreu intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e, atualmente, dispõe de um elevado arsenal de armas e munições. Além disso, a situação do país afeta toda a região. “Há contaminação dos países vizinhos pela Líbia”, destacou o chanceler.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas está dividido internamente em relação às medidas que devem ser implementadas na Síria. Para um grupo de países, liderados pelos Estados Unidos, a intervenção é a alternativa. Mas os governos da Rússia e da China rejeitam a proposta. Sem consenso, não há como adotar medidas por meio do conselho.
“Temporária e breve”
Sobre as relações do Brasil na América Latina, Patriota destacou a suspensão do Paraguai do Mercosul, explicando que a medida foi adotada, por unanimidade, por todos considerarem que houve o rompimento da ordem democrática. A suspensão aconteceu logo após o impeachment do presidente Fernando Lugo do poder, por meio de um processo sumário, que menos de 24 horas.
“A suspensão do Paraguai, esperamos que seja temporária e breve, foi definida com base naquilo que foi considerado a ruptura da ordem democrática. A plena vigência da democracia é fundamental”, disse Patriota. O Paraguai será readmitido no bloco econômico tão logo restabeleça a ordem democrática com eleição direta para escolha do Presidente da República.
O chanceler disse que a suspensão não interfere nas relações econômicas dos países do Mercosul com o Paraguai e que tampouco se pretende prejudicar a população paraguaia. “Eu queria deixar claro que os membros do Mercosul decidiram não adotar qualquer atitude que representasse prejuízos à população do Paraguai. Com isso, o comércio continua se desenvolvendo, assim como os contatos de cooperação.”
Interesse de todos
O seminário, que prossegue amanhã (19), reúne embaixadores, representantes de organismos internacionais, autoridades do governo federal, professores, estudantes universitários e pesquisadores. Para Perpétua Almeida, é muito importante a parceria do Poder Legislativo com os acadêmicos no sentido de trabalhar para produzir conhecimento de interesse nacional.
“É fundamental para nós deputados termos os professores e alunos próximos, afinal, o Parlamento precisa caminhar intensificando as relações com a sociedade civil. Política Externa é um tema que interessa a todos”, ressaltou.
De Brasília
Com agências