Suécia poderia oferecer alternativa para Assange, diz diplomata
A representante do Equador perante a Organização de Estados Americanos (OEA), María Isabel Salvador, opinou que a Suécia poderia oferecer uma alternativa para solucionar o caso de Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
Publicado 14/09/2012 12:58
"Acho que a solução deveria provir da Suécia, com um caminho, uma luz, no sentido de garantir a não extradição de Assange aos Estados Unidos ou fazer o que o Equador propõe", destacou a diplomata em uma entrevista exclusiva à Prensa Latina.
Assange aguarda um salvo-conduto de Londres para poder viajar a Quito e ser acolhido dentro do asilo concedido pelo país sul-americano, no entanto, foi requerida sua extradição a Estocolmo para responder a uma investigação por supostos delitos sexuais.
Salvador expôs que ainda que o governo estadunidense não tenha solicitado a extradição do jornalista australiano, se maneja "algo obscuro, que não está claro", o que representaria um risco para este (de ser processado e condenado nesse país pela difusão de cabos comprometedores para Washington).
Considerou difícil uma saída pera este diferendo bilateral pela via jurídica e apontou que as autoridades suecas deveriam aceitar a proposta equatoriana de interrogar Assange em Londres.
Argumentou que o diálogo entre o Reino Unido e o Equador é complexo porque são dois países com diferentes esquemas jurídicos, pois enquanto o primeiro não aceita a figura do asilo nem é signatário de convenções nem tratados sobre o assunto, o Equador é.
A diplomata expôs que a atitude da Grã-Bretanha responde a um acordo marco na legislação europeia, já que a Suécia solicitou a extradição do cidadão australiano, pelo qual a saída poderia vir desta última.
Em sua opinião, a Suécia deveria enviar seus investigadores à capital londrina para que Assange responda ao inquérito e depois continue esse processo, "que não é nem sequer um julgamento, senão uma etapa de investigação prévia".
Com respeito ao debate no seio da OEA depois da ameaça britânica de invadir a Embaixada do Equador em Londres para prender o fundador do WikiLeaks, expôs que foi demonstração de como um país pequeno, com o uso da razão e do apego aos princípios e ao direito internacional, é capaz de conseguir o apoio de um continente.
"É claro que isso fez que a Grã-Bretanha se desse conta que continua sendo uma grande potência, mas as coisas estão mudando de alguma maneira", indicou se referindo ao comunicado enviado por esse país e interpretado por Quito como uma maneira de retratar sua advertência de uma eventual invasão ao recinto diplomático.
Salvador explicou que a resolução adotada nesse contexto foi aprovada por unanimidade, ainda que os Estados Unidos e o Canadá tenham expressado reticência, aderiram ao consenso.
Se não tivessem aderido, afirmou, teriam expressado não acreditar no princípio da inviolabilidade das embaixadas e consulados, estabelecido na Convenção de Viena de 1961.
Manifestou que foi importante o fato de que na OEA ficasse evidente que as potências se estão dando conta de que as coisas já não são como antes, quando exerciam sua pressão sobre os mais pequenos.
A representante equatoriana afirmou que o tema de Assange foi esgotado nessa instância depois do repúdio à ameaça britânica e agregou que este é um assunto bilateral entre o Equador e o Reino Unido, os quais devem se apoiar na via do diálogo.
Caso contrário, concluiu, poderia chegar à Corte Internacional de Justiça, a que considerou como última instância para resolver este caso.
Fonte: Prensa Latina