Ministério promove seminário para ampliar legado da Copa de 2014

Representantes das 12 cidades sede da Copa do Mundo 2014 apresentam, a partir desta quarta-feira (12), em Brasília, 22 soluções de infraestrutura que podem ser aproveitadas e reproduzidas em cidades que não vão receber jogos do Mundial. O objetivo é ampliar o legado do Mundial para além das 12 cidades sede.

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Os projetos são apresentados durante o seminário Copa 2014: Oportunidades para Sustentabilidade Urbana, organizado pelo Ministério do Esporte em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que prossegue nesta quinta-feira (13), no Hotel Grand Bittar.

Na abertura do evento, o ministro Aldo Rebelo destacou a sustentabilidade como conceito essencial para que a Copa vá além do futebol. “A partir do Mundial, devemos criar experiências, modelos e projetos que ajudem o Brasil e o mundo a ter uma vida mais sustentável.”

O ministro comentou a cooperação técnica firmada entre o ministério e o BID em 2011, que deve ser ampliada. “O BID tem a experiência internacional que ajuda a trazer técnicas e políticas que agregam soluções e antecipam problemas que poderíamos ter durante a Copa. Pretendemos ampliar a parceria principalmente na relação do Brasil com outros países sul-americanos”, disse.

A representante do banco, Daniela Carrera-Marquis, ressaltou que o evento de Brasília já é um desdobramento de outro fórum de debates, realizado em setembro do ano passado, em Manaus. “Naquela ocasião, as cidades-sede tiveram contato com soluções internacionais e puderam identificar a relevância e aplicabilidade para o Brasil. Agora elas já são as representantes das suas iniciativas”, afirmou.

No primeiro painel, o assessor especial do Ministério do Esporte Eugenius Kaszkurewicz fez uma apresentação sobre a política e a estrutura do governo federal para a Copa. “Queremos reforçar a liderança global na área de meio ambiente e sustentabilidade, promovendo ações estruturantes e mobilizando a sociedade para novos valores. As iniciativas de sustentabilidade têm que ser trabalhadas em conjunto com a inclusão social”, destacou.

Na sequência, José María Ezquiaga, arquiteto e professor da Universidade Politécnica de Madri e ex-diretor de planejamento urbano para a região de Madri, apresentou um estudo de caso realizado há dois anos, com apoio do BID. Ele citou experiências como Barcelona (Jogos Olímpicos de 1992) e Turim (Jogos de inverno em 2006). “Nos megaeventos, quanto maior o planejamento, mais êxito terá o legado”, acentuou.

Segundo ele, fundamentado na análise das experiências nacionais anteriores à Copa, o estudo concluiu que as cidades brasileiras são capazes de desenvolver projetos sustentáveis complexos, mas eles devem ser multissetoriais. “É fundamental a combinação do macrourbanismo com o microurbanismo, ou seja, as grandes estruturas devem ser conectadas com a realidade das pessoas. As inovações tem que ser colocadas a serviço da população.”

Carlos Leite, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e autor do livro “Cidades sustentáveis, cidades inteligentes”, concordou. “O grande erro do século 20 foi ter pensado apenas nas estruturas. Isso é urbanificação, não urbanidade. Cidade tem que ser feita para as pessoas.”

Troca de experiências

“Os estudos de caso que as cidades vão mostrar foram selecionados com base em vários critérios, e um deles é a capacidade de essas iniciativas serem replicadas em outros locais do país”, destacou Paulo Ribeiro, um dos organizadores do evento e coordenador da cooperação técnica entre o BID e o Ministério do Esporte, firmada em 2011, para promover o intercâmbio de experiências na organização de megaeventos esportivos.

Os estudos abordam, por exemplo, propostas de revitalização urbana, melhoria das condições de tráfego, redução na emissão de gases estufa e formas eficientes de uso da energia. “Serão apresentadas as soluções científicas, tecnológicas e operacionais que estão sendo implementadas, pensando na eficiência do uso do espaço urbano e na interação com o meio ambiente”, explicou Paulo Ribeiro.

Além da apresentação das iniciativas, as cidades sede terão a oportunidade de debater entre si e com especialistas convidados. “Os especialistas vão dar sugestões e potencializar o que está sendo feito nas cidades. É também o momento de criar uma sinergia entre elas”, reforça Eugenius Kaszkurewicz.

Eugenius também lembrou a preocupação com o meio ambiente na construção das arenas. “É a primeira vez que todos os estádios têm certificado de construção sustentável. E a iniciativa brasileira será, segundo a Fifa, uma exigência para todas as arenas nas futuras sedes do Mundial”, disse.

Fonte: Ministério do Esporte