55 anos sem o "menino de engenho", José Lins do Rego
"Não sou mau pagador. Se tenho, pago, mas se não tenho, não pago, e não perco o sono por isso. Afinal de contas, sou um homem como os outros. E Deus queira que assim continue." A frase autobiográfica é de José Lins do Rego Cavalcanti, um dos maiores escritores e jornalistas brasileiros de todos os tempos. Se por um lado José Lins fazia questão de ressaltar a vida simples que levava, por outro a sua contribuição literária extrapolou o nível do comum.
Publicado 13/09/2012 15:10
O autor escreveu mais de dez romances, além de crônicas e outros textos. A sua signficância histórica o levou a ser o Quarto Ocupante da Cadeira 25 na Academia Brasileira de Letras (ABL). Há exatos 55 anos, em 12 e setembro de 1957, o Brasil perdia o seu "menino de engenho".
Nascido no Engenho Corredor, no município paraibano de Pilar, José Lins do Rego iniciou os estudos no Colégio de Itabaiana (PB), Desde os primeiros anos, já desenvolvia interesse pela literatura. Passou por Raul Pompéia e Machado de Assis, mas foi a influência regional do sertão nordestino e das suas origens ligadas à sofrida terra que daria o tom de suas obras. Depois de estudar na Faculdade de Direito de Recife; ser nomeado promotor em Manhuçu (MG) e passar uma temporada de estudos nos Estados Unidos acompanhado de Gilberto Freyre – autor do livro Casa Grande e Senzala – foi parar em Maceió. Na capital alagoana, onde teve contato com outros ícones da literatura, escreveu o seu primeiro livro: Menino de Engenho.
"Todos os retratos que tenho de minha mãe não me dão nunca a fisionomia que eu guardo dela – a doce fisionomia daquele rosto, daquela melancólica beleza do seu olhar"
Menino de Engenho era apenas o início de sua carreira como escritor. Depois dele, José Lins publicou outras obras categorizadas nas divisões: Ciclo da cana-de-açúcar; Ciclo do cangaço; e obras independentes. O resultado foi um legado histórico e social, em forma de romances, com destaque para a riqueza dos personagens escolhidos e a oralidade de sua linguagem. Em 1935, o nordestino vai para o Rio de Janeiro, onde elege o Flamengo como time do coração. A capital fluminense seria então a sua nova casa e paixão, onde passa o resto da vida até falecer e ser enterrado no Cemitério São João Batista.
Você pode conferir outros detalhes e curiosidades sobre a vida e obra de José Lins do Rego na edição abaixo do programa De Lá Pra Cá, da TV Brasil. Participam das conversas os cineastas Vladimir Carvalho (dirigiu o documentário "O Engenho de Zé Lins") e Walter Lima Junior (dirigiu o filme Menino de Engenho); o historiador Bernardo Buarque (autor do livro "O descobrimento do futebol: modernismo, regionalismo e paixão esportiva em José Lins do Rego") e o professor e escritor Ivan Proença (pesquisador, crítico literário e doutor em Literatura Brasileira).
Fonte: EBC