Hollande anuncia plano econômico para a França
O presidente francês François Hollande anunciou, neste domingo (9), um plano para levar o país à recuperação econômica em um prazo de dois anos, baseando-se na geração de empregos, na competitividade e na recuperação das contas públicas. Ele também anunciou um pacote de contenção orçamentária. E garantiu que os rendimentos superiores a um milhão de euros serão taxados a 75%.
Publicado 10/09/2012 12:38
"Hoje enfrentamos uma taxa de desemprego elevada, uma competitividade que se degradou, déficits consideráveis e um endividamento histórico", disse o presidente, que prometeu reverter a curva de desemprego do país no próximo ano.
“Vou estabelecer uma agenda para a recuperação [do país]. Dois anos para pôr em prática uma política para o emprego de competitividade e destinada a equilibrar as contas públicas”, disse Hollande, em sua primeira entrevista após as férias de verão. “Não vou fazer em quatro meses o que os meus antecessores não fizeram em cinco ou em dez anos. Mas estou no combate, não quero olhar para o passado.”
Ele também disse que o crescimento francês será de 0,3% em 2012, com um déficit de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo o presidente, o orçamento do governo francês em 2013 não terá "um euro a mais" do que em 2012. Hollande disse que espera um crescimento econômico 'realista' para o próximo ano: de 0,8%.
Por exigência da União Europeia, a França terá que poupar 33 bilhões de euros. Nesse sentido, Hollande anunciou cortes na despesa pública na ordem dos dez bilhões, que afetarão todos os ministérios, menos o da Educação, Justiça e Segurança. Outros 20 bilhões terão de vir dos contribuintes e das empresas.
Hollande confirmou que cumprirá uma de suas promessas de campanha, a cobrança de impostos de 75% sobre remunerações superiores a um milhão de euros. Ele afirmou ainda que não haverá exceções à aplicação dessa medida, que afetará em torno de 2 mil, 3 mil pessoas.
O imposto terá em conta “todas as outras contribuições” e será “limitado no tempo”, tendo a duração estimada de dois anos. Para o Presidente, a medida é “simbólica” e “muito importante” porque “é preciso que, num momento de dificuldade como o que a França atravessa, cada um assuma o seu papel”. “O meu objetivo é a construção de uma sociedade solidária. O compromisso que assumo é o de que os franceses possam dizer, em 2017, que vivem melhor do que em 2012”, acrescentou.
À margem deste imposto extra ficam os rendimentos provenientes de rendas do capital, montantes que poderão vir a ser taxados no âmbito de uma reforma em torno do “Imposto Solidário sobre as Fortunas”, adianta o Le Monde.
Partido Comunista
O site do Partido Comunista Francês (PCF) publicou, nesta segunda-feira (10), declaração do secretário nacional do partido, Pierre Laurent, com críticas a François Hollande.
"Tendo presente a impaciência dos franceses que, após 10 anos sob o poder da direita, esperam uma ação governamental à altura das urgências e expectativas sociais, o presidente da Republica fez um discurso do método que, correndo o risco de se repetir, será rapidamente inoperante", assinala o dirigente comunista.
Em especial, Laurent critica o prazo dado pelo presidente francês para a recuperação do país, mergulhado na crise eocnômico-financeira: "A agenda que fixa em dois anos o ritmo de recuperação do país, antes de estabelecer como meta a construção de uma sociedade de solidariedade, parece remeter para mais tarde a mudança anunciada e, sobretudo, esquece completamente a mudança social que está bem na ordem do dia », diz a nota do PCF.
O secretário do PCF assinala que é muito preocupante o silêncio absoluto sobre o tratado europeu submetido à ratificação e que não tenha sido renegociada nem uma vírgula sequer. "Os franceses têm direito a esse debate e o direito de decidir", assevera Laurent.
"A austeridade das contas públicas não é a solução, mas o problema. E são muitos os recursos novos que é preciso livrar, a começar pela recuperação daqueles que foram monopolizados pelos mercados", diz o texto.
"O PCF e a Frente de Esquerda estão disponíveis para uma virada política, a da justiça social e do relançamento econômico e ecológico", finaliza.
Com agências