Economia cresce menos, mas tendência é de retomada no próximo ano

O ritmo mais moderado da economia este ano gera reflexos nos resultados das contas públicas, segundo avaliação do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel. De acordo com dados do IBGE, a economia cresceu 2,4% no segundo trimestre do ano. Os mesmos dados indicam que o consumo das famílias aumentou 0,4%.

Dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo BC mostram que o superávit primário, esforço para o pagamento de juros da dívida, do setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais – chegou a R$ 5,57 bilhões, em julho, resultado bem menor do que o registrado em julho de 2011 (R$ 13,789 bilhões). Em junho deste ano, o superávit primário ficou em R$ 2,794 bilhões.

“Entramos em 2011 com economia crescendo em ritmo mais forte, com PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país] de 2010 , em 7,5%, isso foi moderando ao longo do ano [passado]. Este ano, começamos com economia em ritmo bem mais moderado. Então, é um desenho distinto em termos de trajetória econômica e isso se reflete na evolução do resultado fiscal”, disse Maciel.

Maciel citou ainda a melhora no resultado dos estados e municípios, que passaram do déficit primário de R$ 333 milhões, em junho, para superávit de R$ 1,005 bilhão. “A receita deles é muito mais sensível à evolução da atividade econômica. É um sinal de que eles podem estar refletindo um melhor ambiente”, disse.

Segundo Maciel, a receita dos estados e municípios com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por exemplo, cresceu 6%, em maio, e registrou expansão de 8%, em junho.

Crescimento da economia

Também nesta sexta-feira (31), o pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o crescimento de 0,4% da economia brasileira. De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os números são bons e, apesar de não serem extraordinários, mostram tendência de crescimento para o restante do ano.

"Esse número que estamos vendo hoje é um número que estamos olhando pelo retrovisor. Está ficando para trás esse resultado. De qualquer forma é bom, comparado ao primeiro trimestre. Não é excepcional, mas é o prenúncio de resultados melhores que virão no segundo semestre".

Mantega disse ainda que os dados indicam que a economia está acelerando gradualmente e a expectativa é que o país continue nessa trajetória de aceleração no terceiro e quarto trimestres. "O terceiro e quarto trimestres serão ainda melhores que o segundo, que foi fortemente influenciado pela crise internacional que não melhorou e afetou o desempenho dos países emergentes".

Consumo das famílias

O IBGE revelou ainda que o consumo das famílias cresceu 2,4%. É o pior resultado para os segundos trimestres desde 2003 (quando houve queda de 0,3% na comparação com igual período do ano anterior). Ele vem registrando resultados positivos há 35 trimestres consecutivos.

A economista do Departamento de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, disse que, apesar da redução do ritmo de crescimento, o consumo das famílias continua se expandindo a taxas de “mais ou menos 2,5%”.

“E isto acontece porque nós continuamos tendo crescimento do emprego e da renda, embora a taxas menores. Mas a gente já tinha observado, com base nos dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC, também do IBGE), que a taxa havia crescido menos no segundo trimestre do ano, em relação ao primeiro – embora a taxa ainda continuasse positiva”, disse.

Fonte: Agência Brasil