Rejeição de Serra mostra esgotamento da política do PSDB em SP
O declínio das intenções de voto do tucano José Serra — representante das forças conservadoras de São Paulo — mostra que os eleitores da cidade querem mudanças e almejam um projeto político incompatível com as já esgotadas propostas do PSDB para a maior capital do país.
Por Mariana Viel
Publicado 21/08/2012 13:30
Em entrevista ao Portal Vermelho, a candidata a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão (PCdoB), na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT), afirma que o resultado da pesquisa Datafolha, desta segunda (20) — que aponta Serra quatro pontos abaixo de Celso Russomanno (PRB) — mostra o esgotamento da gestão Serra/Kassab.
“O eleitor acha que não está adequado o Serra se apresentar como representante da capital. Seja porque ele é a continuidade do Kassab, seja porque já foi prefeito e saiu. Ninguém acredita que ele esteja com vontade de governar São Paulo”, explica Nádia.
A percepção do eleitorado sobre as demandas da capital e a forte expectativa de que elas sejam atendidas afastam o candidato tucano do projeto que os paulistanos concebem como o melhor para a cidade. “As pessoas estão vendo que a cidade tem muitos problemas e que é preciso ânimo, novas perspectivas e vontade de mudança. Serra não expressa isso de nenhuma forma”.
Enquanto perde votos, Serra também conquista a rejeição do eleitor. Os dados revelam que o tucano alcançou nesta segunda (21) a marca de 38% de rejeição. Depois de perder duas disputas à Presidência da República — em 2002, para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e em 2010, para a presidenta Dilma Rousseff — a falta de adesão do eleitor de sua própria base também reflete um declínio de sua liderança no PSDB.
“Uma pessoa que há dois anos foi candidato à Presidência da República, se lança numa disputa de Prefeitura de capital, e tem uma parcela grande da população que não quer sua candidatura, com certeza tem sua liderança afetada no campo da oposição. Em minha opinião, essa rejeição tem fatores locais muito fortes, mas arranha a liderança dele em um plano nacional. Pesa bastante esse fator local”.
Nádia comentou ainda que o crescimento da candidatura de Celso Russomano (PRB) está relacionada à inclinação do eleitor paulistano de não aderir ao projeto tucano — buscando assim, novas alternativas. Para ela, a tendência é que a partir do início do programa eleitoral gratuito de rádio e televisão, a intenção de votos de Russomanno sofra queda.
Ainda segundo a candidata a vice-prefeita da capital, o início dos programas eleitorais deve significar um ritmo mais intenso de crescimento de Haddad. “As pessoas vão entrar em contato com o nosso programa, nossas propostas, os candidatos e a frente política que nos apoia. Acreditamos em uma mudança, com ritmo mais intenso de crescimento. Estamos confiantes com a nossa campanha e achamos que agora vamos para uma fase decisiva”.