UFPI: Não corta! Ponto
Nos últimos dias o reitor da Universidade Federal do Piauí, Luiz de Sousa Santos Júnior, vem se utilizando de uma intensa exposição na mídia para a obtenção de um objetivo nada louvável: intimidar docentes e técnicos da UFPI através da ameaça do corte de ponto. Com isso, procura a todo custo pôr fim à greve das duas categorias.
Publicado 19/08/2012 12:23 | Editado 04/03/2020 16:59
De fato, existe uma íntima articulação entre o esforço do reitor para pôr fim à greve e os interesses do candidato Arimatéia Lopes: ao criar inúmeros casuísmos com o objetivo de garantir sem riscos a eleição do seu protegido o reitor acabou atrasando perigosamente o processo, chegando agora a uma situação de desespero que o leva a querer fazer a eleição a qualquer custo, mesmo descumprindo ordem judicial.
A ameaça do corte de ponto, portanto, não diz respeito a uma eventual preocupação do reitor com o funcionamento da universidade. A preocupação é outra: ele sabe que à luz do decreto 1916/96 só tem até o próximo dia 13 de setembro para o envio da lista tríplice ao MEC. De outro modo, fatalmente será nomeado, ao final do seu mandato, um reitor pró-têmpore, jogando por terra o sonho de Luiz Júnior de utilizar a máquina universitária em favor do seu candidato. Beneficiário da pretensa intimidação do reitor, o senhor Arimatéia Lopes não apenas silencia diante da intimidação, mas a estimula.
Entretanto, o reitor Luiz Júnior não tem condições políticas, morais e jurídicas de cortar o ponto dos professores e servidores. A ANDIFES, entidade que congrega os reitores das universidades e institutos federais, já orientou os reitores a não fazerem o corte, enquanto o MEC, através do próprio Ministro Aloisio Mercadante, anunciou que o corte de ponto seria um grande equívoco, na medida em que comprometeria a reposição das aulas. Ao tentar intimidar a comunidade universitária, colocando-se na contramão da ANDIFES e do próprio MEC, Luiz Júnior se arrisca a impor-se uma nova derrota: ser desmoralizado diante até mesmo de seus pares por não poder cumprir a ameaça de cortar o ponto.
A ADUFPI, assim como as sessões do ANDES em todo o Brasil, seguirá conduzindo a greve com responsabilidade e respeito. A nossa expectativa é de que o governo atenda à urgente necessidade de reestruturar a carreira docente e atender as reivindicações das melhorias das condições de trabalho dos professores (as) para que possamos todos (as) retomar as salas de aula. Mas o final da greve não se dará pela intimidação de quem quer que seja. Apenas às assembléias docentes é dado o poder de dizer quando e como ela deve acabar.
Quanto ao corte de ponto que o reitor da UFPI anuncia, não passa de uma bravata: além de não dispor de condições políticas e morais para fazê-lo ele igualmente não fará pelo simples fato de que o desconto de salário dos servidores que aderirem á greve não está previsto em lei, de modo que qualquer ato da administração da UFPI não existe amparo no ordenamento jurídico. Portanto, conclusivamente podemos dizer: não corta! Ponto.
Por: Mário Ângelo, presidente da ADUFPI