Lei de Incentivo ao Esporte: Ainda é tempo de estudar!

De quatro em quatro anos nós brasileiros nos juntamos à frente de nossos televisores para acompanharmos os Jogos Olímpicos. Sempre nos enchemos de esperança, em razão das conquistas obtidas pelos atletas durante o ciclo olímpico: campeonatos mundiais, pan-americanos, sul-americanos, etc. Porém, os Jogos Olímpicos passam, a expectativa vira decepção e a realidade atinge cada um de nós de maneira impiedosa.

Por Cristiano Caús*

O Brasil nunca foi um país dito olímpico, mas isso não significa que não tenhamos um povo com perfil e adoração pelo esporte.

Em tempos mais antigos, tivemos inúmeras conquistas em outros esportes que, igualmente, nos encheram de orgulho, como os títulos de Wimbledon de Maria Ester Bueno; o bicampeonato mundial de basquetebol; os oito títulos mundiais de Fórmula 1, com Emerson Fitipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna; os títulos mundiais de boxe com Eder Jofre; as medalhas de ouro e os recordes do salto em distância, com Ademar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e João do Pulo, entre outros.

Mais recentemente, tivemos ainda conquistas seguidas no voleibol, masculino e feminino; no tênis, com o Guga; no judô com Aurélio Miguel e Rogério Sampaio: no hipismo, com Rodrigo Pessoa; na vela, com os irmãos Grael e com Robert Scheidt, na natação, com Cesar Cielo e no atletismo, com Maurren Maggi.

Isso sem contar com a ginástica artística, o MMA, o taekwondo, o surfe, o atletismo, entre tantos esportes que tiveram grande avanço, atletas em destaque e passaram a contar com a audiência do povo brasileiro.

No entanto, a pergunta que se faz é: estamos no caminho certo?

Esta pergunta pode ser respondida de inúmeras maneiras e com uma infinita gama de argumentos, justificativas e pontos de vista. Não tem este artigo a intenção de se aprofundar no tema.

Entendo, porém, que a primeira análise deveria se pautar na manifestação desportiva, algo que por muitos anos passou despercebido.

Natural que associemos o esporte com o que ocorre nos Jogos Olímpicos: atletas profissionais, de alto rendimento, que lutam pelo status de melhores do mundo em suas respectivas modalidades.

Esporte é muito mais do que isso. Esporte, ou melhor dizendo, Desporto é toda a forma de praticar atividade física que, através de participação ocasional ou organizada, visa equilibrar a saúde ou melhorar a aptidão física e proporcionar entretenimento aos participantes.

A prática desportiva gera saúde, sociabiliza, combate a criminalidade, o trabalho infantil, a gravidez precoce, entre outros benefícios a todas as faixas etárias.

Assim, seria correto investir no esporte brasileiro, visando à conquista de 10, 15 ou 20 medalhas nos Jogos Olímpicos, competição organizada de 4 em 4 anos pelo Comitê Olímpico Internacional e voltada, exclusivamente, a atletas de rendimento? Ou seria melhor direcionar nossos esforços para a criação de uma mentalidade realmente esportiva entre os cidadãos brasileiros, priorizando o desporto educacional, como prevê nossa legislação?

Para o desporto de rendimento, nenhuma lei ou incentivo publico será o suficiente. É que pensemos no esporte como negócio que dá lucro!

Outros sim, o Brasil necessita investir não só em treinamentos e infraestrutura. Precisamos capacitar e treinar os profissionais de educação física, técnicos desportivos e demais profissionais que atuam no dia a dia dos atletas. A psicologia esportiva, por exemplo, nunca esteve tanto em evidência.

Para tanto, a Lei de Incentivo ao Esporte, disponível em âmbito federal desde 2007 e em âmbito estadual desde 2010, é um excelente mecanismo de apoio ao esporte em suas mais variadas manifestações: educacional, participação, rendimento, social, formação, gestão e desenvolvimento, obras e infraestrutura.

Com conhecimento e criatividade, entidades, dirigentes, treinadores e atletas têm na mão uma excelente ferramenta para buscarem o tão sonhado financiamento aos seus sonhos desportivos.

Neste ano a oportunidade está batendo às portas. A Lei de incentivo Federal deve aceitar protocolo de projetos até 15 de setembro de 2012 e a Lei Estadual estará aberta a novos projetos entre cinco de setembro e quatro de outubro de 2012.

As pessoas interessadas em se capacitar têm excelentes oportunidades entre as ofertas de treinamentos no País, em diversos níveis. Ainda é tempo de estudar! Gestão é resultado! E bons resultados decorrem de boas gestões.

*Professor de MBA em Gestão e Marketing Esportivo e do curso Prático de Leis de Incentivo ao Esporte da Trevisan Escola de Negócios.