José Reinaldo: Resistência e diplomacia X guerra na Síria
O governo iraniano anunciou nesta quarta-feira (8) que realizará uma reunião de alto nível, com a presença de mais de uma dezena de países da Ásia, África e América Latina, para debater a delicada e complexa situação vigente na Síria e buscar soluções diplomáticas para a crise cruenta em que o país árabe está engolfado há 17 meses.
José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho
Publicado 09/08/2012 07:51
A Chancelaria iraniana e o próprio presidente da República Islâmica reiteraram a rejeição a qualquer solução militar.
Observa-se aí uma abissal distância entre a posição iraniana, compartilhada pelo governo sírio, e a das potências ocidentais, à frente o imperialismo estadunidense, que apostam na guerra civil, na fragmentação da Síria e na própria intervenção armada, se isto for necessário para levar adiante seus planos.
Por enquanto, as potências ocidentais financiam e armam o chamado Exército Livre da Síria, formado por militantes da oposição e mercenários oriundos do Afeganistão, Iraque, Líbia e Turquia. Contam com o apoio desta última também como espécie de corredor de fronteira, por onde passam mercenários e armas. Na retaguarda financeira e midiática encontram-se as monarquias reacionárias da Arábia Saudita e do Catar. E o indefectível Estado sionista israelense, que age como inimigo figadal da Síria, país que sempre apoiou as forças patrióticas árabes e palestinas.
O Irã tem sido um dos aliados mais leais do governo sírio, desde que há 17 meses se iniciaram os conflitos no país.
Com toda a clareza, suas autoridades têm estado disponíveis para organizar a resistência aos planos intervencionistas do imperialismo estadunidense e seus aliados na região do Oriente Médio. "O Irã não permitirá que o eixo de resistência, do qual considera a Síria uma parte essencial, seja destruído de qualquer maneira que seja”, enfatizou Saeed Jalili, autoridade iraniana que visitou o Líbano e Síria no início desta semana.
A via iraniana e síria para a solução diplomática do conflito no país árabe contrasta com o caminho escolhido pela oposição, que pode ser qualificado de terrorista.
Nenhuma dúvida resta sobre quem defende a paz e quem defende a guerra no Oriente Médio. Recorda-me a alocução do presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, quando de sua passagem pelo Brasil durante a Conferência Rio+20 no Rio de Janeiro, em junho último. Ele defendeu a Paz como imperativo da Justiça.
Que contraste com as concepções militaristas e belicistas dos imperialistas norte-americanos e dos sionistas israelenses!
Infelizmente, o Brasil anunciou, por meio de informação do Itamaraty nesta quarta-feira (8), que não participará do encontro convocado pelo Irã. Apresentou uma justificativa técnica, que soa como desculpa esfarrapada: não tem participado tampouco do “encontro dos amigos da Síria”, uma iniciativa das potências ocidentais. Uma pena, pois o Brasil teria muito a dizer e contribuir para a formulação e execução de um plano de paz.
Em tempo, para agendar e refletir sobre quem defende a paz, quem a guerra. No final de agosto, o Irã hospedará outro encontro internacional, este de ainda maior envergadura – a reunião de cúpula do Movimento dos Países Não Alinhados.
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