Londres 2012: Musa paraguaia desabafa contra seu governo
A musa paraguaia Leryn Franco, 30 anos,fez um desabafo nesta terça-feira (7) após terminar apenas na 34ª posição na série eliminatória do lançamento de dardo nos Jogos Olímpicos de Londres.
Publicado 07/08/2012 18:46
Leryn disparou contra as autoridades do país pela falta de apoio ao esporte e disse não saber como será seu futuro daqui em diante. Não quis confirmar se continuará a competir e tentar uma vaga para os Jogos do Rio, em 2016.
“Não sei dizer sobre meu futuro. Tinha esperanças de fazer uma final olímpica. Tenho que saber reconhecer os momentos e não sei o que vou fazer da vida. Vai depender muito do apoio do governo do meu país. As ajudas que as autoridades têm que dar para os Jogos Olímpicos começam amanhã, e não um ano antes, como foi comigo”, falou.
“Não sei se vou estar no Rio. Não sei se vamos ter essa ajuda do nosso país, mas é a realidade dos atletas latinos. O Brasil, com todo apoio que tem, tem dificuldades para subir ao pódio. Temos que estar ao lado dos principais países, e não caminhando atrás. Estamos sempre atrás dos europeus e tendo que falar no futuro. Eu sempre falo. Estar nos Jogos Olímpicos é um sonho nosso, só nosso, dos atletas. Mas tem que ser o sonho do país, o sonho do governo. Não só o sonho do atleta”, continuou.
Leryn era esperada por apenas dois jornalistas paraguaios na zona mista e agradeceu em vários momentos a presença de ambos. O país sul-americano tem apenas oito representantes na Olimpíada de Londres. Um deles, o nadador Benjamim Hockin, não teve piscina para treinar em seu país e também reclamou bastante.
A atleta do dardo revelou algumas das condições precárias dos atletas, como não ter equipamentos para realizar fisioterapia. “Não temos dinheiro para fisioterapia e para operações. Não tem seguro médico para os esportistas. Nos Jogos Olímpicos temos seguro, mas para se preparar, não”, falou.
“Eles têm que perguntar 'o que você necessita? O que você tem?'. Os atletas têm que chegar nas melhores condições. Estamos muito longe, porque não queremos chegar perto”, contou.
A atleta reclamou também do excessivo apoio que se dá ao futebol em detrimento aos esportes olímpicos e disse que o incentivo ao esporte pode ajudar seu país socialmente.
“Sou fanática por futebol e adoro o futebol. Mas se tivéssemos metade do apoio que tem o futebol…não quero o mesmo apoio, mas a metade. O esporte é tão importante como a educação. Ele pode resolver muitos problemas sociais.”
Leryn se divide entre a rotina de atleta e a de modelo, além de ser apresentadora de TV no seu país. Isso a atrapalha a treinar fora do país novamente, pois já fez treinamentos na Itália. “Tenho contrato com a televisão e não tenho apoio econômico da minha família. Então tenho que pensar na minha situação financeira.”
Por fim, disse que suas críticas ao governo em nada têm a ver com sua baixa performance. “Mas ressalto, tudo isso que disse hoje não tem nada a ver com meu desempenho”, finalizou.
Com informações do Uol