Em Honduras manifestantes repudiam militarização da região

Comunidades membros do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (Copinh), movimentos sociais e membros da sociedade civil se reuniram em Concepción, Intibucá, zona fronteiriça entre Honduras e El Salvador, nesta segunda-feira (30) para debater a preocupação ante a ameaça e agressividade das políticas capitalistas, das estratégias de militarização e das ações para usurpar bens naturais da região.

Copinh denuncia as investidas capitalistas sobre os rios, que são fonte de vida comunitária e de alimentação. O Conselho assegura que as autoridades municipais e as empresas transnacionais estão ameaçando os rios Guarajambala, San Juan, Torola, Lempa e Chinacla e pretendem colocá-los em mãos particulares.

A exploração mineira também é outro fantasma que assombra Honduras. Hoje, empresas já estão realizando estudos para este fim e há o temor de que seja aprovada a Lei de Mineração e Hidrocarbonetos. Copinh e demais participantes do encontro também rechaçam a reativação do plano trinacional fronteiriço entre a Guatemnala, El Salvador e Honduras que contempla mais de 40 projetos entre mineiros, represas hidrelétricas, privatização de bosques, grandes projetos turísticos, projetos eólicos e inclusive exploração de "Terras Raras” para serem usadas na última tecnologia do mercado mundial depredador.

Outra preocupação é a formação de forças militares de elite na região. De acordo com o Conselho Cívico, já se deslocaram à região ex-oficiais das Forças Armadas para recrutar jovens Lencas para a tropa chamada "Tigres”.

Por consequência desses problemas, as organizações e comunidades presentes no encontro desta segunda-feira (30) em Concepción manifestam sua disposição de defender seus rios, territórios, cultura e vidas sagradas.

"Como manifestamos anteriormente, os mensageiros de morte com qualquer desses projetos de privatização perderão seus esforços nesta região já que exerceremos, como temos feito historicamente, nosso direito à autonomia e defesas territoriais e comunitárias”, asseguram.

Militarização

A militarização e o racismo, manifestado por meio do uso de jovens Lenca também não serão aceito. O que querem são oportunidades reais de emprego digno para os jovens. As comunidades indígenas de Honduras também afirmam que lutarão para que desapareçam as estruturas repressivas que em nada contribuem para o desenvolvimento do país. Outra exigência é a dissolução das Forças Armadas, Polícia Nacional Civil e de toda estrutura violadora dos direitos humanos que estão a serviço dos poderes econômico e político oligarcas e imperialistas.

"Seguimos com nosso processo de construir uma Honduras Refundada, desmontando o capitalismo, o racismo e o patriarcado. A Refundação não só se atinge declarativamente, senão a vivendo e a criando, desde já, aprofundando a luta social e política, articulando-nos e juntando-nos nas ações sob um projeto verdadeiramente descolonizador que acabe com a injustiça e a opressão de todo tipo”.

Fonte: Adital