Publicado 19/07/2012 09:59 | Editado 04/03/2020 16:29
O governo rompeu o silêncio e, após um mês de paralisação, finalmente apresentou uma proposta para reestruturação da carreira docente nas unidades federais. A greve e as pressões de parlamentares e da opinião pública exerceram papel fundamental no processo de reabertura das negociações. O momento é, portanto, rico de análise e de discussão de ideias rumo à formulação de um acordo que realmente atenda às reivindicações dos professores.
É bom esclarecer que a proposta apresentada na última sexta-feira (13) não condiz com o que foi alardeado pelo governo e pela imprensa. Os reajustes, anunciados como imediatos, só serão integralizados em 2015. Além disso, apenas 10% dos professores terão o reajuste de 40% propalado pelo governo.
Na realidade, a proposta do governo restaurará o poder aquisitivo dos salários de julho de 2010 somente em março de 2015, com um pequeno ganho real de 4%, em média. Ou seja, o governo concede o que é um direito dos trabalhadores. E não para todos, pois caso seja acatada a proposta, os professores com mestrado, por exemplo, não conseguirão repor as perdas salariais referentes ao período. Isso se agrava com o parcelamento do reajuste em três anos, começando apenas em julho de 2013.
O movimento docente também reivindica, e é prometido pelo governo desde 2010, uma reestruturação da carreira, que está defasada em termos salariais e ultrapassada em termos estruturais. Nesse aspecto, não houve avanços. A proposta apresentada em nada lembra uma equiparação com a carreira de Ciência e Tecnologia, conforme o governo declara.
O Proifes-Federação, entidade que representa a Adufc-Sindicato nas negociações, continuará pressionando o governo a iniciar o pagamento reajustado em janeiro de 2013 e a avançar no processo de negociação de modo que todos os professores tenham ganhos reais.
A avaliação e as contribuições da assembleia da Adufc-Sindicato que será realizada hoje serão levadas para a próxima mesa de negociação, da qual a Adufc faz parte, que ocorrerá no dia 23.
*Marcelino Pequeno é Presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do CE
Fonte: O Povo