EUA: Soldados em combate ganham menos que no treinamento

Os soldados norte-americanos que são deslocados para o combate têm um salário por cada dia que passam na frente de batalha inferior ao que permanecem nos Estados Unidos em treinamento, admitiu nesta semana o Departamento da Defesa norte-americano. O órgão afirmou que irá rever a situação.

Entretanto, a tarefa não vai ser fácil. Os EUA estão em período eleitoral e os republicanos prometem vetar toda nova despesa militar proposta pelo presidente democrata Barack Obama.

Segundo um relatório divulgado pelo Departamento da Defesa, um oficial da reserva da Guarda Nacional, corpo ao qual pertence a maioria dos militares que mobilizados para a guerra, tanto no Iraque como no Afeganistão, ganha 407 dólares por dia durante os finais de semana de treinamento longe do perigo dos combates. Mas, quando é enviado para o Afeganistão, por exemplo, o salário desce a 318 dólares diários.

A diferença ocorre pelo fato de que quando se encontra em treinamento de fim de semana, o militar ganha dois dias de salário por cada dia de treino. E na frente de combate, o governo paga um salário diário por cada dia de combate.

O serviço militar nos EUA não é obrigatório, mas todo norte-americano que se apresenta como
voluntário na Guarda Nacional pode ser chamado a qualquer momento para a guerra, por isso deve ir a um fim de semana de treinamento todos os meses.

De qualquer modo, o salário dos oficiais norte-americanos, entre 9.768 e 7.632 dólares mensais brutos, contrasta enormemente com a média salarial latino-americana. Em janeiro deste ano, o salário mínimo na Argentina era de 545 dólares, no Brasil chegava a 388, na Bolívia não é mais que 118, no Chile equivale a 388, na Colômbia não passa de 327, no Peru é de 278 e na Venezuela, 360. Nos EUA, o salário mínimo é, em média, de 476 dólares mensais.

O estudo divulgado nesta semana costuma ser realizado a cada quatro anos, quando o Departamento da Defesa atualiza os salários dos seus oficiais. Mas neste ano, com as eleições presidenciais dentro de quatro meses, a Casa Branca decidiu torná-lo público para mostrar que está preocupada em melhorar os benefícios profissionais dos seus oficiais.

Nada novo

A questão da diferença de salários entre os oficiais que estão em treinamento e os que são enviados a combater não é propriamente uma novidade, o problema se arrasta há mais de 100 anos. “Sempre me perguntei porque é que o pessoal ganha mais por assistir a um treinamento de fim de semana e menos por estar na frente de combate”, comentou ao diário The Daily o capitão reformado da Marinha, Thomas Bush, coordenador do estudo.

O documento propõe abertamente uma inversão no pagamento. Ou seja, defende o aumento do salário do pessoal em combate. Uma decisão, que se aprovada pelo Congresso, não será popular dentro das Forças Armadas, reconhece Bush.

“Mas a realidade está aí. Precisamos de mais incentivos ao pessoal para estimular as pessoas a entrarem na Guarda Nacional e nas unidades da reserva”, acrescentou Bush.

Apesar de tudo, o coordenador do estudo recordou que o salário dos oficiais que estão na frente de combate não é passível de impostos e existem outras compensações monetárias em função da violência na zona de guerra. “Mesmo assim, o pessoal que está em treinamento ganha mais”, acrescentou.

Fonte: Opera Mundi