Centenas de professores serão demitidos na Espanha
Mais de mil professores serão demitidos neste próximo semestre letivo nas universidades públicas de Madrid em decorrência do inesperado corte de 175 milhões do governo regional ao ensino superior, informou nesta quinta-feira (12) o jornal espanhol El Pais. Enquanto isso, centenas de manifestantes tomam as ruas da capital espanhola em protesto à nova política de austeridade do governo.
Publicado 13/07/2012 12:11
Depois de reduzirem os gastos com serviços básicos, congelarem a contratação de funcionários e diminuírem os custos de palestras e eventos, esta foi a única opção que restou aos reitores para lidar com a mudança do plano governamental para 2012.
"Em média, tendo em conta que cada escola é diferente, falamos da ordem de 200 ou 300 professores a menos por universidade", explicou Daniel Peña, presidente da CRUMA (Conferência de Reitores das Universidades de Madri) que reúne as universidades Complutense, Autónoma, Carlos III, Alcalá, Politécnica e Rey Juan Carlos. Segundo ele, o corte se concentrará nos professores associados por possuírem, normalmente, outras formas de renda. Peña garantiu que a medida não vai atrapalhar os ajudantes doutores a finalizarem suas teses.
Além da demissão de centenas de professores, a medida também terá como consequência o aumento das horas de aula dos professores remanescentes que terão que dar conta do serviço dos antigos colegas de trabalho.
Na semana passada, o governo regional decidiu aumentar a mensalidade do ensino superior a fim de aumentar em 8% a arrecadação do ensino superior e diminuir o número de bolsas concedidas. "Essa é a hipótese da Comunidade de Madri e é a mais favorável já que conta que o número de matrículas será o mesmo deste ano", disse Peña segundo o El Pais. Em comunicado oficial nesta terça (10), os reitores se opuseram à medida de cortar o auxílio aos alunos, reafirmando "a necessidade de preservar uma universidade pública de qualidade como meio para favorecer a resolução da crise".
O plano governamental de todas as regiões espanholas foi alterado após o novo plano de austeridade anunciado nesta quarta-feira (11) pelo presidente Mariano Rajoy. Em troca de empréstimo bilionário concedido pela União Européia para a Espanha recapitalizar seus bancos, o governo nacional teve de realizar drásticos cortes em seu orçamento público.
Nesta sexta-feira (13), centenas de manifestantes tomaram as ruas de Madri contra as medidas anunciadas pelo presidente. O protesto foi convocado pelas centrais sindicais CCOO, UGT, CSIF – central independente de funcionários públicos, ELA – central do País Basco e CIG – central da Galiza e contou com a participação de outros grupos, como a CEP (Confederação Espanhola de Polícia).
"O Conselho de Ministros vai aprovar que os funcionários públicos somos os culpados do deficit e é sempre assim, nós que temos a culpa pelo mal desse país", disse ao jornal local Publico.es Pepe Navarro, vice presidente do sindicato CSI-F.
Fonte: Ópera Mundi