Publicado 08/07/2012 12:30 | Editado 04/03/2020 17:14
Estamos em todos os lugares: na esfera da economia, da cadeia produtiva, da vida pública, no espaço privado. Nós mulheres avançamos e são incontestáveis as conquistas alcançadas em menos de 100 anos. Diferente do que muitas pessoas apressadas tendem a dizer, infelizmente ainda estamos bem distantes de uma vivência livre de discriminações e opressões próprias às mulheres, aquilo que chamamos de “especificas”, que fazem sofrer, limitam, agridem e matam apenas por sermos mulheres. Essas limitações afetam cotidianamente a nossa vida: as desigualdades de gênero ainda persistem com salários menores para trabalho igual, as duplas e triplas jornadas, a restrição de oportunidades, as violências domésticas e morais, as doenças do trabalho como as síndromes do pânico ou labirintites que atinge mais as mulheres ou ainda as tarefas com o acompanhamento e cuidado das crianças e idosos da família atribuídos socialmente como responsabilidade das mulheres.
Todas essas, e muitas outras, discriminações socialmente construídas interferem de modo crucial, também, no protagonismo político das mulheres. Isso pode ser facilmente constatado com um rápido levantamento da quantidade de mulheres parlamentares, prefeitas ou vice e com presença no judiciário brasileiro; em nenhum desses espaços chegamos a 10%. As condições e limitações sociais, concretas, para uma mulher conseguir ser candidata são bem diferentes das quais passam os homens e o primeiro cenário de resistência que nós encontramos é o espaço da família. Obviamente há exceções, mas me refiro aqui ao geral, ao cotidiano, e não ao extraordinário. E vou dizer o cenário: quando um homem é candidato ou parlamentar ou prefeito ele conta com o aparato, a estrutura, garantida pela presença de uma mulher que lhe dá suporte e suporta a carga de manter o lar, a alimentação, o supermercado, as roupas, as crianças, as atividades recreativas da família. É raro encontrar mulheres que contam com a parceria inversa, muito raro!
Esses obstáculos, entraves e limites socialmente construídos ao longo de nossa história e perpetuados por uma sociedade machista/patriarcal/capitalista onde as opressões são perpassadas pelos recortes de gênero, raça/etnia e classe, acarretando dificuldades para a participação política das mulheres e por consequência interferem nas políticas públicas de equidades de gênero. Dificultam, mas não intimidam milhares de mulheres que fazem crescer nossa esperança num futuro livre de toda forma de opressão e discriminação. Todos os dias, com persistência, estamos avançando em conquistas e construindo uma nova imagem social, superando conceitos históricos de inferioridade e submissão, ampliando a cidadania, buscando a emancipação política como estratégia nos atuais marcos.
Um passo muito importante e repleto de significados tivemos com a eleição de Dilma presidenta do Brasil. A primeira mulher que chega a presidência da nossa república foi militante, guerrilheira, presa e torturada. Algumas décadas mais tarde essa mesma mulher, no ato de sua posse, passou em revista as Forças Armadas! Não foi sua filha ou sua neta, em poucos anos o Brasil deu uma guinada em sua jovem democracia, com a 4ª pessoa eleita pelo voto popular. Eleger uma mulher presidenta do país é fundamental para o avanço das conquistas femininas, faz a diferença sim. A história mostra que as maiores conquistas para a vida das mulheres estão diretamente ligadas ao avanço das conquistas de toda a sociedade. E, por outro lado, eleger mulheres eleva os debates e visibilidade para as questões de gênero, tanto na formulação de politicas públicas que interferem no cotidiano direta ou indiretamente das mulheres como no combate as desigualdades e discriminações de toda a ordem.
É pois subsidiando-se em Engels na A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, que as feministas materialistas fazem o enfrentamento desta alquimia de opressões vividas na sociedade capitalista. Segundo Engels o primeiro antagonismo de classes “coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher no casamento monogâmico, e a primeira opressão de classe, com a do sexo feminino pelo masculino”. Desbravar e alterar essa realidade tem sido o centro da luta feminista que é atravessada por inúmeras demandas e especificidades. Mas temos persistência e vamos avançando. Pela frente, nos próximos meses, temos o período eleitoral e, neste importante momento da vida nacional e local, as mulheres tem aumentado seu protagonismo.
Mais e mais mulheres, de dois em dois anos, então encarando com altivez o desafio de serem candidatas, apesar das dificuldades que enfrentam. Mas falta muito no quesito parceria tanto da grande maioria das famílias como da grande maioria dos partidos políticos que ainda não compreenderam a participação das mulheres nos espaços do legislativo e executivo. Conforme aponta o documento que orientou o debate realizado na 2ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Emancipação da Mulher também o PCdoB “ainda arrisca pouco em candidaturas femininas. (…) É preciso superar a contradição entre a participação de lideranças femininas expressivas na vida politica e ao mesmo tempo, a dificuldade de compor chapas eleitorais com percentual mínimo de mulheres exigido por lei” (p. 11).
Para este processo eleitoral, a nível nacional, o PCdoB apresenta centenas de mulheres candidatas vereadoras e dezenas de candidatas mulheres no espaço do executivo, como prefeitas e vice-prefeitas. Nas capitais brasileiras 06 prefeituras são disputadas pelo PCdoB e em 04 temos mulheres comunistas como candidatas: Florianópolis (Angela Albino), Manaus (Vanessa Grazziotin), Porto Alegre (Manuela D´Avila) e Goiânia (Isaura Lemos). Destaco ainda duas importantíssimas capitais com candidaturas a vice-prefeitas: São Paulo (Nadia Campeão) e Salvador (Olivia Santana). Isso para nominar tão somente as capitais.

Em consonância com as diretrizes nacionais do PCdoB em que temos a diretiva de aumentar e sustentar a presença entre trabalhadores, juventude e mulheres, os momentos eleitorais são propícios para tal intento. Ressaltando que entre trabalhadores e juventude temos a presença de mulheres! Estamos em todos o espaços da sociedade, somos mais da metade da população.

Secretaria Estadual de Mulheres do PCdoB em Santa Catarina