Prova em versos
Marighella era aluno do 5º ano no Ginásio da Bahia quando, em 23 de agosto de 1929, respondeu em versos a uma prova de física. Foi a primeira de uma série. Tirou nota dez e a prova ficou exposta, no corredor do colégio, até 1965. Mais tarde, foi incluído no livro Poemas: Rondó da Liberdade (São Paulo, Brasiliense, 1994).
Por Carlos Marighella
Publicado 06/07/2012 00:22

Doutor, a sério falo, me permita,
Em versos rabiscar a prova escrita.
Espelho é a superfície que produz, Quando polida, a reflexão da luz.
Há nos espelhos a considerar
Dois casos, quando a imagem se formar.
Caso primeiro: um ponto é que se tem;
Ao segundo um objeto é que convém.
Seja a figura abaixo que se vê,
o espelho seja a linha betacê.
O ponto P um ponto dado seja,
Como raio incidente R se veja.
O raio refletido vem depois
E o raio luminoso ao ponto 2.
Foi traçada em seguida uma normal
o ângulo I de incidência a R igual.
Olhando em direção de R segundo,
A imagem vê-se nítida no fundo,
No prolongado, lu minoso raio,
Que o refletido encontra de soslaio.
Dois triângulos então o espelho faz,
Retângulos os dois, ambos iguais.
Iguais porque um cateto têm comum,
Dois ângulos iguais formando um.
Iguais também, porque seus complementos
Iguais serão, conforme uns argumentos.
Quanto a graus, A+I possui noventa,
B+J outros tantos apresenta.
Por vértice opostos R e J
São iguais assim como R e I.
Mostrado e demonstrado o que é mister,
I é igual a J como se quer.
Os triângulos iguais viram-se acima,
L2, P2, iguais, isto se exprima.
IMAGEM DE UM PONTO
Atrás do espelho plano então se forma
A imagem, que é simétrica por norma.
IMAGEM DE UM OBJETO
Simétrica, direita e virtual,
E da mesma grandeza por final.
Melhor explicação ou mais segura
Encontra-se debaixo na figura.