Cassação de Demóstenes Torres passa pela CCJ e vai a Plenário
Está pronto para ser votado em Plenário o projeto que determina a cassação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Na manhã desta quarta-feira (4), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou parecer pela legalidade, constitucionalidade e juridicidade da matéria. O relatório do senador Pedro Taques (PDT-MT) recebeu 22 votos favoráveis e nenhum contrário, em votação nominal e aberta.
Publicado 04/07/2012 14:00
Agora que teve o parecer aprovado pela CCJ, a cassação do senador pode ser votada em Plenário, provavelmente na próxima quarta-feira (11), obedecido o prazo de três dias úteis após a leitura em Plenário para que seja colocado em votação.
Na CCJ, a análise é sobre os aspectos, jurídicos, legais e constitucionais do parecer, o que significa que o relator não falou sobre o mérito das acusações que pesam contra o senador goiano. Demóstenes é acusado de quebra de decoro parlamentar por ter mentido aos colegas e por ter defendido interesses do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no Congresso Nacional.
No texto de 28 páginas, Pedro Taques descreve todo o processo que culminou com o parecer do Conselho de Ética do Senado pela cassação de Demóstenes, depois que o PSOL entrou com representação para apuração de comportamento incompatível com o decoro parlamentar.
Taques também considerou que o procedimento constitucional foi devidamente respeitado pelo Conselho de Ética que cumpriu os procedimentos relacionados ao contraditório e à ampla defesa.
“Em todos os momentos, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar se preocupou em interpretar as normas da forma mais favorável ao representado, nunca negando a palavra a ele ou ao seu procurador, mesmo quando os dispositivos regimentais não previam essa possibilidade de forma expressa”, informa o relatório.
Discussão
Demóstenes Torres não compareceu à reunião e foi representado pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. O defensor afirmou que o parlamentar tem sido vítima de um prejulgamento baseado em provas ilegais e em vazamentos “criminosos”. “É um massacre que dura mais de três meses”, protestou ele, acrescentando que Demóstenes “quer ser julgado por seus pares e não irá fugir aos debates”.
Já o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), do partido autor da representação que deu origem ao processo administrativo de cassação, afirmou que Demóstenes mentiu e defendeu interesses de uma organização criminosa no Parlamento. “Está claro que o comportamento do senador é incompatível com a ética e o decoro. Ele se envolveu, dialogou e atuou em defesa de interesses de organização criminosa. Por mais duro e difícil, a verdade tem que ser dita. Os fatos mostram isso”, opinou.
A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP) também fez duras críticas a Demóstenes Torres, a quem considerou “uma pessoa com duas personalidades, com capacidade de mentir, enganar e manipular como raramente se vê em pessoas corretas, para não dizer normais”.
“Ele tinha sim conhecimento das atividades ilícitas de Carlos Cachoeira quando foi à tribuna do Plenário, em março, fazer seu primeiro discurso. Ele tentou nos enganar mais uma vez e atuou o tempo inteiro aos interesses do contraventor “, afirmou a senadora.
Fonte: Agência Senado