Reporter russo vê Síria ao vivo
Entrevista com o jornalista russo Viacheslav Krasko, que recentemente visitou a Síria; ele conta como segue a vida entre os sírios.
Publicado 30/06/2012 11:25
Viacheslav Krasko foi para Damasco em 29 de abril. Em três semanas ele visitou sul do país, esteve na cidade de Daraa, onde em março de 2011 começaram os tumultos, em Bosra – outrora um centro turístico que agora está quase completamente bloqueado pelos rebeldes, em Tartus, onde se encontra a base militar russa, e em Lataquia – o maior porto marítimo da Síria.
Viacheslav Krasko planejava visitar as principais atrações da Síria – Palmyra e Homs. Mas habitantes locais dissuadiram-no por ser demasiado perigoso lá.
"Quando eu estive em Damasco, havia refugiados de Homs lá. Entre eles havia mulheres, crianças, homens, velhos. E todos eles, mesmo os homens fortes, aconselhavam-me com insistência a não ir para Homs. As pessoas estão deixando as áreas onde há rebeldes, porque é perigoso, e estão indo para Damasco, que é controlada pelas forças governamentais. Há também críticas ao governo atual. Em particular, sobre o facto de existir muita corrupção. Mas não é esta a razão do que está acontecendo agora no país, porque para as pessoas a situação criada pelos terroristas é muito mais perigosa. A maioria prefere a autoridade legítima."
Nas principais cidades da Síria, controladas pelas autoridades, decorre uma vida completamente normal, diz Viacheslav Krasko.
"O problema não está nas cidades, mas fora delas. Todos os tumultos ocorrem nos subúrbios e pequenas cidades, onde prevalecem os sunitas. O conflito é sectário. Problemas existem onde os sunitas – islamistas fundamentalistas – organizam distúrbios. Onde as autoridades mantêm suas posições, tudo está perfeitamente tranquilo, continua uma vida normal, as pessoas trabalham, vão a restaurantes, tomam café, os jovens descansam."
Em geral, segundo Viacheslav Krasko, os slogans políticos contra o atual presidente Bashar al-Assad proferidos pela oposição não passam de jogo de cena.
"Estou confiante de que o confronto é de natureza religiosa. São conflitos entre sunitas e xiitas, sunitas e alauítas, ou cristãos. É aí que passa a linha de frente, e não nos apelos políticos ou violações de direitos e liberdades. Eu até digo mais: pessoas comuns dizem que o problema de Bashar al-Assad é que ele não é suficientemente severo. As pessoas acreditam que o único poder possível no Oriente Médio é somente um poder duro, e o caminho para a democracia deve ser evolutivo."
Segundo os habitantes locais, os rebeldes não estão dispostos a negociar. Assim, representantes da chamada oposição não participaram nas eleições parlamentares que ocorreram em meados de maio. Porque eles percebem que não terão apoio popular. Para eles só existe uma maneira de chegar ao poder – um golpe militar, diz Viacheslav Krasko. Quanto mais pode durar o conflito que as autoridades já reconheceram como uma guerra, ninguém sabe. Mas os sírios estão assustados, eles têm medo de desenvolvimentos negativos.
Fonte: rádio Voz da Rússia