Estudantes vãos às ruas no Canadá contra aumentos
Este é um tema por demais negligenciado na nossa mídia alternativa (e também me penitencio por isso): desde fevereiro protestos estudantis massivos vêm ocorrendo na província do Québec, no Canadá, com manifestações gigantescas enchendo as ruas de Montreal.
Por Flávio Aguiar, no Blog do Velho Mundo
Publicado 25/06/2012 13:03
A greve começou no dia 12 de fevereiro deste ano, na Universidade Laval (cidade satélite da capital, Quebec), no curso de Ciências Sociais, e daí ganhou, primeiro, a Universidade do Québec em Montréal (Uqam), e depois as outras pela província.
Desde então tem havido manifestações que reuniram de 100 mil a 400 mil pessoas, com diversos confrontos com a polícia, feridos (dois estudantes perderam um olho nos conflitos) e prisões, além de manifestantes condenados ao pagamento de multas.
Na última sexta-feira (22) os estudantes voltaram às ruas, em número estimado de 100 mil, e prometem continuar a luta, com novas manifestações previstas para 22 de julho e 22 de agosto.
O motivo dos protestos é uma lei proposta pelo primeiro ministro da província, membro do Partido Liberal do Québec, Jean Charest, elevando de 2.168 dólares para 3.793, em cinco anos, a anuidade do ensino superior público, um aumento de 75%.
O governo de Jean Charest tem um programa claramente neoliberal: reduzir os custos do sistema de saúde, cortar impostos, reduzir os gastos e o tamanho do estado. A linha de corte é clara, no que diz respeito aos protestos estudantis: além das federações de universitários, o movimento sindical e os partidos de oposição apóiam o movimento. As associações empresariais e de comércio apoiam o governo de Charest.
Em reação aos protestos, o governo liberal (?) aprovou na Assembleia da Província uma lei draconiana (a de número 78) referente a manifestações de rua. A lei exige que qualquer reunião de mais de 50 pessoas na rua tenha aprovação – incluindo itinerário – prévia da polícia, com oito horas de antecedência, além de estabelecer penas e multas pesadas para infratores. Uma nova lei municipal, em Montreal, proíbe o uso de máscaras durante manifestações.
A lei vem sendo severamente criticada por juristas canadenses e internacionais, como Navi [Navanethem] Pillay, Alta Comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos.
Até o momento, não há perspectivas de negociação entre estudantes e governo. Este propôs uma compensação na forma do aumento do número de bolsas de estudo, o que foi rejeitado. E a adoção da lei 78 reforçou o apoio ao movimento, em nome a liberdade de expressão e manifestação.