Rio+20: pressões para mudar texto aprovado pelos negociadores
Os cerca de 100 chefes de Estado e de governo reunidos na Rio+20 mantêm nesta quinta (21) uma série de discussões em mesas-redondas sobre o documento final da conferência – que deverá ser anunciado por eles nesta sexta (22). A exemplo desta quarta (20), vários presidentes e primeiros-ministros discursarão. O pronunciamento do presidente de Cuba, Raúl Castro, é um dos mais esperados.
Publicado 21/06/2012 10:19
O acordo sobre o documento final da Rio+20, alcançado na madrugada da terça-feira (20) depois de longas e intensas negociações, vai agora ser submetido aos chefes de Estado e de governo presentes na Rio+20, para aprovação. E há, em muitos setores, a expectativa de que ele possa ser alterado. Há pressões neste sentido de ONGs e mesmo de representantes de paises europeus, descontentes com aquilo que consideram !timidez" do documento.
O negociador chefe, o embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo Machado, descarta qualquer possibilidade de mudança mesmo porque a insistência, que pode ser considerada extemporânea, incide justamente sobre os pontos de polêmica que foram expurgados do texto: o favorecimento aos investimentos financeiros (a "economia verde") e a transformação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) numa agência com poderes semelhantes aos da Organização Mundial do Comércio, mudança denunciada pelos países em desenvolvimento como uma tentativa de interferência contra a soberania das nações. Ou a retirada, do texto, da formação de um "fundo verde" (com, inicialmente, US$ 30 bilhões) a partir de recursos dos países ricos, para a transferência de tecnologia limpa aos países emergentes.
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Figueiredo assegurou também que as 30 recomendações encaminhadas pela sociedade civil serão analisadas pelos líderes políticos, mas eventuais mudanças no documento final só ocorrerão daqui a três meses. Reunidos em dez painéis, os integrantes da sociedade civil examinaram os temas-chave do desenvolvimento sustentável, como água, energia, oceanos, novos padrões de consumo, produção e erradicação da pobreza e da fome.
Na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, será criado um fórum para debater as propostas da sociedade civil e as sugestões que foram excluídas do texto final. O embaixador lembrou que a criação do fórum foi estabelecida no documento final.
Os debates desta quinta recomeçam em meio às cobranças da presidenta Dilma Rousseff para que os países desenvolvidos cooperem com o desenvolvimento sustentável e apoiem os investimentos, sem rejeitar as propostas alegando dificuldades decorrentes da crise econômica internacional.
Fonte: Agência Brasil