Perillo: vitimização e apologia à riqueza na CPMI do Cachoeira
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) se disse vítima de injustiça no depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), nesta terça-feira (12), para esclarecer as relações dele com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. E usou todo o tempo de sua defesa para enaltecer o seu trabalho como legislador e como governador de Goiás e a riqueza das pessoas que o rodeiam.
Publicado 12/06/2012 16:26
O depoimento aconteceu em clima de calma entre os parlamentares, mas houve manifestações na chegada de Perillo à comissão. Durante o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que começou às 10 horas e entrou pela tarde, um grupo de jovens com cartazes e narizes de palhaço, no Congresso, pediam a saída de Perillo do Governo do estado.
Nos cartazes, os jovens também pediam para que o governador de Goiás não mandassem bater neles, em referência ao episódio de Itumbiara durante a inauguração da Faculdade Estadual de Goiás em que o governador estava presente. Estudantes da região faziam uma manifestação contra as irregularidades do governo tucano em seu estado e o envolvimento dele no esquema de Carlinhos Cachoeira, quando foram atacados e feridos por seguranças e policiais militares.
Apologia à riqueza
Em seu depoimento, Perillo também criticou o seu principal acusador, o ex-vereador tucano Wladimir Garcez. E avaliou às denúncias contra ele como um desejo dos opositores de querer “apequenar” o estado que representa, passando a ideia de que a denúncia era contra o estado de Goiás e sua população.
Ele disse que “as pessoas tentam exibir prestígio para mostrar que tem ligação com o governador e levar vantagem”, apontando essa atitude como a do ex-vereador.
Perillo fez, por diversas vezes em seu depoimento, referências à elite de Goiás, do qual Carlos Cachoeira seria um dos representantes. “O Sr. Cachoeira é um homem rico que frequenta os melhores restaurantes da cidade”, disse em uma das ocasiões.
Quando fez a defesa do seu secretário de Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, apontado pela Polícia Federal como o “homem de ouro de Cachoeira no governo goiano”, Perillo disse que “é um equívoco dizer que um homem rico, empresário de sucesso, recebe propina. O patrimônio dele e de sua família é no mínimo 30 vezes maior do que o de Cachoeira”, salientando que Baldy possui relações familiares com o contraventor, o que explicaria os contatos entre os dois.
Negócio nebuloso
A principal denúncia contra o governador de Goiás é da venda de uma casa de luxo em Goiânia, onde Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro deste ano. Marconi Perillo diz ter recebido três cheques pela venda da casa, comprada pelo empresário Walter Paulo Santiago.
A CPMI já ouviu Santiago e Garcez sobre o assunto, quando Garcez afirmou que comprou a residência de Perillo, mas, como não dispunha do dinheiro cobrado, fez um empréstimo com Cachoeira e com Cláudio Abreu, ex-diretor da empresa Delta no Centro-Oeste. O pagamento, segundo ele, foi feito com três cheques.
Já o empresário Walter Paulo Santiago disse que o ex-vereador Wladimir Garcez foi o intermediador do negócio e que comprou a casa em dinheiro vivo. O pagamento, segundo ele, foi feito a Lúcio Gouthier Fiúza, ex-assessor de Marconi Perillo.
O governador disse que “é absurda e delirante a ilação de que eu teria recebido duas vezes ou em valor maior do que o escriturado e declarado à Receita Federal” disse.
Sem conhecimento
Perillo negou todas as outras denúncias contra ele e defendeu os seus assessores que também são apontados como suspeitos nas investigações da Polícia Federal. O governador tucano negou que conhecesse Carlinhos Cachoeira, embora exista registro de ligação telefônica dele para cumprimentar o bicheiro pelo aniversário. E disse ainda desconhecer a relação estreita de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que foi seu secretário de Segurança Pública.
O governador também defendeu os outros assessores – Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran goiano, que teria sido indicado por Cachoeira para o cargo; Lúcio Fiúza, assessor para Assuntos Sociais, que representou o governador na formalização da venda da casa em Goiânia; e Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador, que, segundo a Polícia Federal, repassava informações sobre investigações que beneficiavam políticos ligados a Cachoeira.
De Brasília
Márcia Xavier
Com Agência Senado