No Chile polícia reprime protesto contra homenagem a Pinochet

As forças policiais chilenas reprimiram neste domingo (10) os familiares de vítimas da ditadura que decidiram protestar contra o ato organizado na região metropolitana de Santiago em homenagem ao ditador Augusto Pinochet, que governou o país durante 17 anos, com um saldo estimado em cinco mil mortes.


Chilenos levaram fotos de desaparecidos durante a ditadura. Foto: Hector Retamal/AFP
 

Segundo o jornal La Tercera, as atitudes repressivas organizadas pelos Carabineros, alguns deles apoiadores de Pinochet durante o regime autoritário (1973-1990), tiveram início ainda na noite de sábado (9), quando estouraram os primeiros protestos. Carros lança-águas e bombas de gases são utilizadas contra os contrários ao ato realizado no Teatro Caupolicán. Os manifestantes carregam velas, lenços e fotos com as imagens dos familiares mortos durante o governo Pinochet.

O porta-voz da Assembleia Nacional de Direitos Humanos, Humberto Trujillo, disse que o sentido da primeira manifestação era mostrar para o mundo que os chilenos “não queremos que se vanglorie um assassino”.

Félix Madariaga, dirigente da Corporação de Defesa dos Direitos do Povo, fez um novo apelo para que o governo evitasse a realização da homenagem, que prevê a exibição de um documentário pró-ditadura. “O legado de Pinochet são seus crimes, sua Constituição antidemocrática ainda vigente e o mais injusto dos modelos econômicos: o neoliberalismo. Pinochet é o Hitler chileno.”

Na sexta-feira (8), a Corte de Apelações rejeitou uma ação que tentava evitar o ato a favor do ditador. Os organizadores, integrantes da Corporação 11 de Setembro – referência à data do golpe –, entendem que é injusta a crítica que se faz à tentativa de louvar o ditador.

A presidenta da Agrupação de Familiares de Presos Desaparecidos, Lorena Pizarro, afirmou que o governo de Sebastián Piñera é responsável pelo que possa ocorrer neste domingo nos arredores do teatro. A família de Piñera foi apoiadora do golpe. “O que aqui está em jogo é o genocídio, o terrorismo, ou a defesa e a decisão de verdade de começar a mudar esta falsa democracia”, afirmou.

Fonte: Rede Brasil Atual