TV recebeu para favorecer candidato à presidência no México

Documentos digitais obtidos pelo jornal inglês The Guardian sugerem que a maior rede de televisão mexicana, a Televisa, tenha recebido dinheiro para fazer uma "cobertura favorável" ao líder das pesquisa na corrida presidencial no México, Enrique Peña Nieto, candidato pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), quando ele ainda era governador do estado do México.

Segundo os documentos, a ideia também era desprestigiar o atual segundo colocado nas pesquisas, o político de esquerda Andrés Manuel López Obrador, do Partido de la Revolución Democrática (PRD). Na época em que foram produzidos os documentos, entre 2005 e 2006, Obrador era um dos candidatos à presidência do país.

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A denúncia surge poucas semanas antes das eleições presidenciais, em que Obrador é o principal rival de Enrique Peña Nieto. Manifestações populares têm acusado o canal de manipular a cobertura eleitoral em favor de Peña Nieto. A televisão é considerada o meio de comunicação que mais influencia a política nacional – a Televisa controla dois terços da programação dos canais abertos do México.

Embora não tenham autenticidade comprovada, os documentos revelados por um ex-funcionário da rede de TV coincidem com notícias veiculadas pelo próprio canal, com datas, situações e nomes que se alinham com a denúncia feita.

As informações obtidas pelo jornal inglês se dividem em três partes: a primeira menciona uma lista de tarifas cobradas pela Televisa a Peña Nieto para construir uma imagem favorável a ele, quando ainda era governador do estado do México; um segundo arquivo consiste em "uma detalhada estratégia" para prejudicar a anterior candidatura presidencial de López Obrador, quando ele foi derrotado pelo atual presidente Felipe Calderón. À época, Obrador não reconheceu a derrota por insistir que a eleição foi fraudada pelo candidato opositor.

O documento ainda cita um acordo que sugere que o escritório do ex-presidente Vicente Fox havia feito um pagamento "exorbitante" à Televisa com recursos públicos para uma campanha promocional. Já as ações a longo prazo propunham "desmanchar a percepção pública de que López Obrador é um mártir e salvador" por meio de reportagens com foco nos crimes da capital mexicana e nos casos de corrupção envolvendo seus antigos aliados.

O jornal também teria tido acesso a três tabelas intituladas "Enrique Peña Nieto: orçamento 2005-2006", com detalhes de quase 200 conteúdos televisivos, com um custo de US$ 36 milhões pelos serviços anotado na primeira versão e "uma redução de 50%" na versão mais recente do documento.

No mês passado, López Obrador exibiu durante um debate um documento com os mesmos números que os acessados pelo jornal inglês. O candidato repetiu diversas vezes que o adversário é um produto televisivo, enquanto Peña Nieto e Televisa sugeriram que o papel é falso.

O outro lado

David López Gutiérrez, assessor de imprensa de Peña Nieto, afirmou em comunicado que os documentos são desconhecidos do candidato. Ele assegurou que durante a administração de Peña Nieto como governador do Estado do México não existiu nenhuma contrato desse tipo, como menciona o jornal inglês, e "que todos os contratos de comunicação das atividades, assim como seus custos, foram transparentes e estão disponíveis no portal de tranparência do governo".

Fonte: Rede Brasil Atual